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No cenário cotidiano do campus da USP em Ribeirão Preto, para além da arquitetura imponente, do lago e da floresta exuberantes, uma rica paleta de cantos e cores se revela, por meio das inúmeras espécies de aves que habitam o local.
Essa riqueza avifaunística, muitas vezes despercebida pelos olhos apressados dos frequentadores, não escapou ao olhar atento de Nivaldo Donizetti de Oliveira, ex-funcionário do Centro de Educação Física e Esportes (Cefer) da Prefeitura do Campus de Ribeirão Preto (PUSP-RP), que partiu em 2021, mais uma vítima da covid-19, mas deixou um valioso legado com seus registros da diversidade de aves que povoam o local.
Esse legado acaba de ser reunido em um catálogo fotográfico recentemente publicado, Aves do Campus da USP em Ribeirão Preto, que traz uma coleção de 203 espécies de aves, de 56 famílias distintas. Além das imagens capturadas por Nivaldo, a obra também tem como autores Henrique Diniz, Ana Carla Aquino, Daniel Cavallari, Beatriz Cezila e Julio Filipino, a maioria biólogos formados no próprio campus, e a colaboração de fotógrafos profissionais ou amadores Alicia Telis, Bruna Bertagni, Celso Queiroz, Elder Franklin, e os professores Sérgio Sheiji Fukusima e Silvio Tucci Junior.
Elisabeth Spinelli de Oliveira, docente da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, na introdução da obra, nos lembra que os nomes de inúmeras aves nacionais são instantaneamente reconhecíveis por todos os brasileiros. De sabiás a beija-flores, de urubus a carcarás, o imaginário coletivo é povoado por esses seres, com suas cores e sons. O catálogo, por sua vez, transforma esses nomes em realidade visual e sonora, permitindo ao leitor conectar-se com um amplo espectro de aves que integram o espaço com aqueles que frequentam o campus de Ribeirão Preto.
As fotos, capturadas ao longo de aproximadamente duas décadas no campus e nas imediações, não apenas dão rostos e vozes a essas aves, mas também as situam em seu habitat natural. O conjunto gráfico evidencia a esplêndida biodiversidade das aves brasileiras, que figura entre as três mais diversas do planeta, mesmo em um contexto municipal com escassas áreas de crescimento nativo.
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Com linguagem clara e precisa, a obra oferece informações sobre taxonomia, incluindo nomes populares e científicos, habitats preferenciais, padrões alimentares, frequência de observação e mais. Além disso, a obra disponibiliza links para audição dos cantos das aves catalogadas. A organização das imagens segue a sequência taxonômica – ordem, família e gênero – sendo codificadas por núcleos que indicam os ambientes onde essas aves são mais frequentemente avistadas: azul para ambientes aquáticos, verde para florestais e laranja para áreas abertas e semiabertas, inspirado na obra Aves do Campus da Unicamp e Arredores, de 2013.
Além de explorar os diferentes ambientes, o catálogo oferece informações detalhadas sobre cada espécie, incluindo nome popular, nome científico, ordem, família, tamanho, dieta, frequência de observação e curiosidades. Para casos em que as imagens do campus apresentavam resolução limitada, os organizadores recorreram a fotografias capturadas em Ribeirão Preto e região, sempre dentro dos limites do Estado de São Paulo. A maioria das espécies catalogadas, conforme indicado pelos organizadores, é comum em todo o Estado.
A capa, representada pelo enigmático urutau – cujo nome deriva do tupi e significa “ave fantasma” – é um presente adicional para os leitores. Embora avistada no campus, essa figura enigmática foi incansavelmente buscada, até que Nivaldo a encontrasse nos arredores da piscina e a registrasse em uma bela foto.
A obra está acessível gratuitamente neste link.
