A Décima Sétima Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) começa nesta quarta-feira e um projeto da USP será destaque em uma das palestras do evento. A iniciativa é chamada de Incubadora Cultural e tem como objetivo de fomentar a importância da leitura e da escrita entre os jovens de escolas públicas que cursam o ensino médio. O Jornal da USP no Ar conversou com o idealizador Camilo André Mércio Xavier, escritor e docente aposentado do Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
O projeto de extensão universitária foi criado e desenvolvido pelo professor Xavier em 2013. Através dele, o professor estabeleceu uma parceria com a Escola Estadual de Ensino Médio Otoniel Mota, de Ribeirão Preto, onde passou a se ocorrer a conscientização sobre a importância da leitura e da escrita, além da produção de bens culturais por meio da descoberta de novos talentos. O idealizador explica que “a escola com a qual trabalhamos têm cerca 2 mil alunos e 120 professores. Tentamos levar para a rede pública, da qual fui aluno, um pouco do conhecimento acadêmico, pois acredito que esse tipo de ensino pode ser um foco de mudanças positivas”.
Após deixar a carreira médica, Xavier se dedicou à escrita, e isso foi decisivo para a realização de seu projeto. Ele conta que, quando se aposentou da FMRP, pensou que podia atuar em uma área diferente, e isso motivou sua aproximação a grupos literários em Ribeirão Preto, como a Academia de Letras. “Foi a partir disso que pensei em criar uma atividade extracurricular que proporcionasse experiências fora do campus da universidade. Com a aprovação dessa ideia, pessoas já graduadas passaram a visitar a escola pública e a servirem de exemplo para a garotada, estimulando a leitura e a capacidade de pensamento crítico. Além disso, mostramos a esses alunos que todos são capazes de chegar onde chegamos: antes alunos e agora professores”, conta Xavier.
A resposta dos estudantes ao projeto é boa, mas também existem dificuldades. Na opinião do professor, “o aluno ainda é um pouco passivo nesse projeto. Por meio dessas atividades, podemos ver que existem grandes talentos e outros mais reticentes, que são tão capazes quanto os outros, mas são os que sofrem com a falta do estímulo familiar, que é essencial. Vemos que, principalmente no ensino público, iniciativas partem mais do grupo dirigente, e precisamos de algo mais provocador na linha cultural, que não parta apenas dos professores. O estudante deve ser estimulado para ‘engrenar’ seu cérebro e treiná-lo para que se crie o hábito de leitura”.
A palestra do professor sobre a Incubadora Cultural acontecerá hoje, dia 10 de julho, às 16 horas, no Espaço Editora Helvetia da Flip. Nos dias seguintes, ele realiza sessões de autógrafos do livro recentemente lançado juntamente com o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Alfabetização, Leitura e Letramento (GEPALLE): “Incubadora Cultural: A FMRP e o GEPALLE USP abraçam as Escolas da Rede Pública”, organizado em colaboração com Filomena Elaine Assolini, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, e Heloisa Martins Alves. Para mais informações, basta acessar este link.
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