Perda de audição pode acarretar doença mental

Especialista explica a correlação entre perda auditiva e demência e ressalta importância de prevenção

 10/10/2018 - Publicado há 6 anos

jorusp

Logo da Rádio USP

Muitas pessoas já experimentam algum grau de perda de audição a partir dos 40 anos por causa do envelhecimento natural do corpo. No entanto, nem todas dão à saúde auditiva a mesma atenção que dedicam ao resto do corpo. E o que não se sabe é que a deficiência auditiva não tratada pode acarretar uma série de doenças, inclusive mentais, como a demência, por exemplo. O estudo mais recente, feito na Austrália, mostrou que o risco de demência foi 69% maior em homens idosos com dificuldade auditiva do que naqueles que tinham audição normal. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Mara Gândara, otorrinolaringologista do Ambulatório de Saúde Auditiva Reouvir do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, explicou a correlação entre perda de audição e demência.

Quando alguém perde a audição, deixa de receber os estímulos auditivos, não só a voz, mas todos os sons do ambiente, como o barulho do vento e dos passos de outras pessoas, explica a médica. Qualquer pessoa, independente da idade, ao perder a audição, perde também essa habilidade e seu cérebro funciona com essa privação, o que pode desenvolver ou agravar algum tipo de demência. Os estudos comprovam que a perda auditiva acelera esse processo. Portanto, deve ser diagnosticada e tratada o quanto antes para  evitar “adiantar” o surgimento de um transtorno cognitivo.

Na opinião da otorrinolaringologista, as pessoas, principalmente os jovens, não valorizam a audição e se expõem a todo tipo de risco auditivo: fone de ouvido, ruídos ambientais, etc. Ela comenta que os idosos têm um certo preconceito em assumir a perda auditiva. Para eles, usar um aparelho auditivo os tornará mais velhos do que realmente são. Segundo Mara Gândara, há uma perda de tempo muito grande para diagnosticar e recorrer à ajuda. Isso porque as pessoas vão no médico por um sintoma que incomoda, e a surdez não incomoda o paciente, mas sim quem está ao redor dele. Até aquilo passar a incomodar a pessoa com perda auditiva, já que se passou um tempo considerável e a recuperação da habilidade auditiva não ocorre como deveria.

A especialista explica que alguns fatores, como doenças que levem a uma menor oxigenação da orelha (pressão alta, diabete, alterações hormonais, etc.) afetam e agravam a perda auditiva. Ela esclarece que é possível recuperar um pouco da habilidade auditiva se não aconteceu uma perda muito grande, mas o nível de audição, das lesões que aconteceram nas células auditivas, é irreversível. Além disso, o aparelho auditivo não impede a evolução da doença, pois é como um óculos para quem tem alguma deficiência visual. É necessário fazer o acompanhamento com o otorrinolaringologista para ver se a perda aumentou. A médica orienta que as pessoas façam audiometria a partir de 50 anos, principalmente dependendo do histórico familiar.

jorusp


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.