Em agosto de 2018, a prefeitura municipal de São Paulo lançou o programa Tem Saída, uma política pública que busca a autonomia financeira e empregabilidade da mulher em situação de violência doméstica ou familiar. Fruto de parceria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo, Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Justiça, OAB-SP e ONU Mulheres, o programa já beneficiou 200 mulheres.
Empoderar a mulher que sofre violência também é o objetivo do Instituto Maria da Penha e da Universidade Federal do Ceará (UFC), que trabalham em parceria com o Grupo de Pesquisa Economistas (Brazilian Women in Economics), da Faculdade de Administração e Economia (FEA) da USP. Eles possuem um painel sobre essa realidade e ressaltam a importância dessas iniciativas de apoio e identificação das mulheres sobre o que é considerado agressão. “Muitas vezes as agressões não físicas são tão danosas quanto. Já existe uma série de estudos que vêm se debruçando sobre o assunto e essa iniciativa da prefeitura, que parece bastante interessante, não é suficiente [por si só]”, aponta Paula Pereda, do Grupo de Pesquisa Economistas da FEA, em entrevista ao Jornal da USP no Ar.
A professora diz que essa política pública deve ser aliada a outras medidas que deem um segundo passo para criação de uma rede de apoio a essas mulheres, para poderem ter com quem conversar e relatar possíveis reincidências do agressor ou demais ameaças. Paula cita um estudo realizado na Colômbia, onde existe uma rede de apoio com funcionárias de salões de beleza, lugar que as clientes costumam desabafar sobre seus problemas. No Brasil, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos lançou o projeto Salve Uma Mulher nesses moldes, em outubro de 2019.
A porta de entrada no mercado de trabalho oferecida para essas mulheres pelo Tem Saída permite quebrar uma barreira que a literatura acadêmica chama de gapping salarial, ou seja, diferença dos ganhos entre aqueles que compõem a renda da família. Sendo mais alto para os homens, o gapping traz um alto poder para o parceiro que pode, inclusive, inibir a mulher de trabalhar por motivo de ciúmes. “Essa independência financeira da mulher serve para reduzir essa diferença. Ela se sente mais empoderada para tomar as melhores decisões para ela mesma e seus filhos”, explica a professora.
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