O maior hospital público da América Latina se preparou para a chegada do novo coronavírus ao Brasil, antes mesmo de iniciado o contágio no País. O Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) criou um comitê de crise em 30 de janeiro e dedicou as primeiras duas semanas de março a uma verdadeira operação de guerra para o combate da pandemia. Passados 120 dias do atendimento de covid-19, o diretor da faculdade e presidente do Conselho Deliberativo do hospital, professor Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho, conta ao Jornal da USP no Ar detalhes da estrutura hospitalar montada, inclusão de novas tecnologias e participação do HC nos testes da vacina da covid-19.
Um dos maiores sucessos do hospital foi ter programado apenas um dos seus institutos para receber pacientes com covid-19, ao invés de redistribuí-los entre as demais instalações do complexo hospitalar. Recebendo casos de alta complexidade devido ao remanejamento do próprio Sistema Único de Saúde (SUS) para as necessidades dos pacientes, o HC cumpriu com excelência essa responsabilidade. “[Foi preciso] desenvolver instrumentos de tecnologia mais avançada como a Inteligência Artificial e robótica, para que os profissionais pudessem avaliar os pacientes sem abrir a porta do quarto”, explica Barros Filho.
De acordo com o professor, a maioria dessas tecnologias continuará no pós-pandemia como legado, já que foram incorporadas com anos de antecedência neste momento de necessidade. Isso reflete diretamente na eficiência do tratamento da doença em estágio grave que o HC realiza, que possui índice de sobrevivência comparado aos melhores serviços do mundo, registrando mais de dois mil pacientes curados. Paralelamente, o HC consegue não só atender, mas também realizar pesquisas científicas que, inclusive, buscam ser contínuas para saber como os pacientes curados evoluirão no médio e no longo prazo.
“O mundo inteiro está procurando uma vacina”, lembra Tarcísio Eloy. O HC tem participação direta na triagem de voluntários da vacina em parceria da China com o Instituto Butantan que está em estágio avançado, além de colaborar com outros projetos para vacinas contra a covid-19. “A ideia é que se teste e tente acelerar o máximo possível a pesquisa com as vacinas.”
Tarcísio comenta em que cenário São Paulo e o Brasil se encontram na pandemia e relembra que “não é um Brasil, são vários Brasis”. Cada lugar está em um cenário e ponto da curva de casos com diferente evolução. “Mesmo na capital e metrópole, temos o cenário de casos diminuindo, porém no interior várias áreas estão aumentando, com pacientes que precisam vir para São Paulo.” Ele diz que pode ser que isso mude o cenário, mas que o HC mantém os leitos, apesar do índice de ocupação estar diminuindo. Nesses últimos meses, o que vem ajudando muito o hospital são os donativos, que foram concentrados na campanha #HCComVida. Até agora foram arrecadados mais de R$ 30 milhões e a meta é de R$ 57 mi. Para doar qualquer valor agora clique aqui.
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