A professora, arquiteta e urbanista Raquel Rolnik repercute em sua coluna os problemas recentes que a cidade de São Paulo enfrentou nos últimos dias, com muita fumaça e ar seco e poluído. Como enfrentar esse tipo de situação, resultante das mudanças climáticas? A colunista aponta duas saídas: a mitigação, “que é fazer algo para evitar que isso aconteça de uma forma cada vez mais intensa, e adaptação, ou seja, como é que a vida se transforma para adaptar uma condição aonde está cada vez mais calor, o ar está cada vez mais poluído, tem cada vez mais partículas suspensas na atmosfera”, diz ela, antes de completar seu raciocínio: “Não queremos que o futuro fique cada vez pior e para isso é fundamental enfrentar e limitar aquilo que provoca gases de efeito estufa e também o tal do material particulado na atmosfera”. E aqui a colunista lembra que os transportes são responsáveis por essa emissão, além da construção civil: “Construção e transportes são responsáveis por mais da metade de todos os gases do efeito estufa e de material particulado”.
Em relação ao transporte, especificamente no referente à poluição do ar, uma suposta solução seria a substituição dos veículos convencionais pelo carro elétrico. “Não, substituir por carro elétrico não vai resolver o problema”, afirma Raquel, “porque uma das razões de ter material particulado é exatamente os pneus. Os pneus, ao tocarem o solo, rasparem o asfalto, produzem material particulado, ou seja, ou é sistema de transporte público sobre trilhos ou é sistema de transporte público sobre trilhos, essa é a resposta na cidade de São Paulo, não adianta ‘dourar’ o sol com a peneira. E o que a gente está falando é repensar um modelo, um modelo que é dependente do carro, dependente do automóvel, um modelo que é absolutamente estruturado na produção de uma construção civil que gera material particulado, que gera resíduos, tem que ser revertido”.
Cidade para Todos
A coluna Cidade para Todos, com a professora Raquel Rolnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
.