Fogo no Pantanal é favorecido por mudanças climáticas e falta de fiscalização

O professor Marcos Buckeridge comenta que a queimada da floresta amazônica tem relação indireta com as queimadas no Pantanal e no Cerrado

 21/09/2020 - Publicado há 4 anos
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Um dos menores biomas presentes no território brasileiro, o Pantanal arde em chamas desde o começo do ano com queimadas intensificadas nos últimos meses. De janeiro ao final de agosto, 12% da área total do bioma foi consumida pelo fogo, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o pior cenário para queimadas no bioma compartilhado com a Bolívia e o Paraguai em 22 anos.

Considerado um bioma híbrido, o Pantanal acumula traços do Cerrado e da Amazônia, somado aos famosos alagamentos com as cheias dos rios nos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Acontece que, neste ano, o bioma pantaneiro enfrenta longa estiagem, sofrendo com o característico fogo em sua parte de Cerrado. “Se o Cerrado não pegar fogo, ele muda sua fisionomia e transforma-se em floresta. Em períodos com secas muito grandes, há uma queimada mais intensa e isso faz o Cerrado reiniciar seu processo [de regeneração]”, explica Marcos Buckeridge.

De acordo com o diretor do Instituto de Biociências (IB) da USP, os focos de incêndios são provocados por criminosos ou de forma acidental por pessoas que deixam fogueiras não apagadas. A agropecuária também contribui para isso, já que parte do Pantanal com características de Cerrado é ocupada por pasto para criação de gado. Outros fatores que influenciam isso são a mudança climática global, a conexão com as queimadas na Amazônia e a falta de fiscalização do Ministério do Meio Ambiente.

“O governo brasileiro está promovendo um apagão no Ministério do Meio Ambiente e nas atividades de preservação, que são extremamente importantes por regularem esse fogo”, afirma Buckeridge. Ele diz que a queimada da floresta amazônica tem uma relação indireta com as queimadas no Pantanal e Cerrado, “pois, ao queimá-la, deixamos de produzir água, [não formando] os rios aéreos que passam por cima de todo sudoeste e Sudeste do Brasil até o mar, [resultando] em menos chuvas, favorecendo incêndios”.

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