Os novos esforços em pesquisas socioambientais investem na transdisciplinaridade por meio da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Transdisciplinaridade para Mudanças Transformadoras, uma linha de financiamento da Fapesp. O objetivo é unir esforços de diversos atores para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos. Cristina Adams, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e pesquisadora do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) e do Grupo de Pesquisa em Governança Florestal, fala sobre os avanços da pesquisa.
A professora explica que a transdisciplinaridade é um passo adiante em relação à interdisciplinaridade nas pesquisas. Enquanto a interdisciplinaridade é o diálogo entre áreas científicas do conhecimento, a pesquisa transdisciplinar busca fontes dentro e fora do meio acadêmico, utilizando-se de uma gama mais ampla de conhecimentos. “A complexidade do mundo contemporâneo é que leva a essa necessidade. Precisamos sair dos muros da universidade e dialogar com as outras formas de conhecimento da sociedade”, conta.
Sobre a iniciativa, a pesquisadora afirma que foi a partir do somatório da experiência dela com a de Cristiana Seixas, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp. “Percebemos que existe uma grande lacuna na formação de pesquisadores na área socioambiental dentro dessa abordagem transdisciplinar. Então começamos com essa iniciativa para financiar os estudos nessa área e treinar novos pesquisadores para uma abordagem inovadora”, complementa.
A prática
A docente alerta que o que antes eram modelagens e previsões teóricas feitas décadas atrás, hoje são efeitos climáticos com os quais estamos tendo que lidar. Ela cita a pandemia como um exemplo de problema complexo decorrente de ações humanas. Economia, gestão pública, saúde, todas essas áreas do conhecimento tiveram que ser consultadas para que a situação fosse controlada.
Em outro exemplo, ela cita o uso excessivo de carros em São Paulo. Ela explica que se trata de um hábito com razões complexas, envolvendo urbanismo e mobilidade pública e afetando de diversas formas o ambiente da cidade e a saúde dos cidadãos, especialmente os mais socialmente fragilizados. Portanto, essa é uma questão que necessita de uma abordagem que trate de todas essas áreas do saber.
“Temos que olhar para nosso país ou região como um território imerso dentro de um sistema complexo. As atividades humanas como a economia e nossos modos de vida influenciam a natureza, condições físicas, geológicas e atmosféricas, essas condições com as quais o mundo precisa lidar.”
Construir e colaborar
Cristina Adams finaliza contando os principais objetivos do evento, que terá continuidade. O principal ponto, segundo ela, é o de proporcionar uma formação crítica, teórica, metodológica e prática para essa coprodução de conhecimento. “ Ou seja, a produção de conhecimento por esses vários atores sociais, essa interação dos pesquisadores com outros atores da sociedade, é a partir da construção dessa rede que iremos alcançar soluções transformadoras”, afirma.
“Boa parte dos que estão em treinamento já está produzindo propostas de projeto transdisciplinar em grupos, que são contribuições para promover o que a gente chama de mudanças transformadoras. Essas são as mudanças que vão realmente reorganizar o nosso sistema social, a economia e os fatores tecnológicos sociais. Precisamos de uma forma que a gente consiga caminhar em direção à sustentabilidade a ao bem-estar humano”, termina.
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