O Brasil passa por uma epidemia de dengue ao passo em que avança na melhoria do saneamento básico, mas sem conseguir atingir todas as camadas da população. Entre os principais problemas de saúde pública, destacam-se a distribuição de água, o tratamento de esgoto e a coleta de lixo, os quais se relacionam com a proliferação do mosquito. A professora Maria Anice Sallum, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo, analisa a situação da epidemia e as medidas que precisam ser tomadas para controlar a proliferação do Aedes aegypti.
Segundo a professora, o correto ao se referir à situação é utilizar o termo epidemia, pois a circulação da doença atinge uma vasta extensão do território nacional e a palavra surto deve ser empregada quando a enfermidade ocorre apenas em um pequeno local isolado. Ela esclarece que a epidemia de dengue já era esperada pelos profissionais da saúde, mas que não tinham conhecimento de que a situação tomaria as enormes proporções atuais. “O Ministério da Saúde, juntamente com a Secretaria de Saúde, estava monitorando os casos e já existia uma indicação a partir de análises prévias de que este ano ocorreria esse aumento de casos. Então, era uma situação esperada, mas não na dimensão que está ocorrendo atualmente”, conta.
Causas
De acordo com a especialista, um dos pontos responsáveis pela maior circulação do vírus são as mudanças climáticas, principalmente com o aumento da temperatura média, já que no calor o ciclo de vida do mosquito, que inclui ovos e larvas, aumenta e estimula um maior contágio. Ela explica que as variações de clima, como as fortes chuvas seguidas por períodos de seca, são propícias para a reprodução do mosquito, principalmente nas áreas urbanas, onde muitas pessoas não tomam os devidos cuidados para evitar a proliferação.
“Locais como lajes de casa, recipientes diversos que estão descartados no ambiente de uma maneira inadequada e calhas da água de chuva que estão entupidas, galerias de água, essa série de ambientes que está dispersa em toda a área urbana serve como criadouros de mosquitos porque as fêmeas depositam os ovos e eles se desenvolvem originando adultos. As caixas de gordura residenciais também podem contribuir para esse problema”, esclarece.
Prevenção
Conforme Maria Anice Sallum, o controle dos mosquitos é um serviço público essencial e é preciso ser realizado de maneira sustentável, acompanhando os avanços de saneamento básico da população e passando pela educação. Ela reforça a importância da participação de todos os setores da sociedade nesse combate, inclusive a das empresas: “Temos que mudar essa visão de que o problema da dengue é apenas das autoridades. É claro que as autoridades de saúde precisam se empenhar, sim, mas é necessário também uma mudança urgente da população em geral”.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.