O poder público precisa impor limites aos sistemas de inteligência artificial (IA) e as escolas devem se preocupar em ensinar professores e alunos a utilizar criticamente essa nova tecnologia. É o que afirma o sociólogo Glauco Arbix, coordenador da área de Humanidades do Centro de Inteligência Artificial da USP, em conversa com o jornalista Marcello Rollemberg nesta edição de Além do Algoritmo, que aborda as relações entre a IA e a educação.
Para Arbix, cabe ao poder público exigir que os sistemas de IA colocados à disposição dos estudantes sejam avaliados e testados com rigor. Segundo o sociólogo, os dados que alimentam os sistemas de IA – como o ChatGPT – são criados por seres humanos e, por isso, podem reproduzir preconceitos e visões enviesadas. É necessário instituir mecanismos que detectem e eliminem discursos de ódio, perseguição a minorias e intolerância, por exemplo. “Ao permitir, incentivar e mesmo implementar nas escolas sistemas de inteligência artificial o poder público tem que ter formas de manter a proteção de alunos e professores.”
Já quanto às escolas e aos professores, Arbix destaca que, se as máquinas fazem o mesmo que os alunos conseguem fazer, é preciso mudar a exigência em relação a eles. Os alunos devem ser incentivados naquelas áreas em que não podem ser imitados pelos sistemas de IA – relacionadas à sensibilidade crítica, à criatividade e à imaginação. “Os professores têm que ser requalificados, para poderem acompanhar os alunos”, destaca o sociólogo, que é favorável à utilização da IA na educação. “Se o professor aprender a trabalhar com a IA, vai potencializar a sua atividade de ensino e potencializar a aprendizagem dos alunos e dele mesmo.”
Ouça o podcast no link acima.
Esta edição reproduz o programa Além do Algoritmo, transmitido pela Rádio USP no dia 25 de outubro de 2024.