Doença Inflamatória Intestinal cresce ao redor do mundo e tratamento é difícil

Alexandre de Sousa Carlos explica que se trata de uma moléstia complexa, a qual pode afetar todo o trato gastrointestinal e por isso mesmo é de difícil tratamento, já que são várias as suas causas

 20/02/2024 - Publicado há 9 meses
Uma das maiores dificuldades relacionadas ao tratamento da DII é a identificação de causas – Foto: Freepik
Logo da Rádio USP

Nos últimos 30 anos, a ocorrência da Doença Inflamatória Intestinal (DII) aumentou em 50%, e hoje afeta cerca de cinco milhões de pessoas no mundo todo. Relacionados à Doença de Crohn, os sintomas da DII são banalizados e isso também dificulta o tratamento.

O médico Alexandre de Sousa Carlos, do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica melhor as causas dessa doença inflamatória e comenta possíveis tratamentos já utilizados pela medicina global.

O que é a DII?

Conforme explica Carlos, a Doença Inflamatória Intestinal é uma moléstia complexa, a qual pode afetar todo o trato gastrointestinal, ou seja, o caminho da boca até o ânus. A DII é caracterizada por uma cascata de inflamação no trato, que causa diarreias e dores abdominais no início e pode evoluir para sintomas mais sérios. “A característica dessa doença é a reação exagerada do organismo”, conta o especialista, “é uma cascata inflamatória imensa com várias etapas. Eis a grande dificuldade no tratamento: saber qual é a principal cascata que está afetando aquele paciente”.

Alexandre de Sousa Carlos – Reprodução/ SBAD

O que causa?

Uma das maiores dificuldades relacionadas ao tratamento da DII é a identificação de causas. Como a cascata de inflamação é muito diversificada, saber exatamente o que a desencadeia se tornou um desafio para os pesquisadores. Contudo, explica Carlos, algumas causas gerais já são identificadas:
“Já existem vários trabalhos tentando identificar alguns gatilhos alimentares, a questão da poluição, a questão do nosso estilo de vida ocidental: o stress, tabagismo, o excesso de alguns medicamentos como anti-inflamatórios e o excesso de alimentos ultraprocessados. Tudo isso causa uma alteração da microbiota intestinal”.

Já existem tratamentos

As pesquisas para uma cura da DII perpassam diversas frentes, conta o médico. Uma delas é a terapia gênica, que busca identificar os genes de predisposição dessas doenças intestinais. Outra é o transplante fecal, para reequilibrar a flora intestinal dos pacientes. “Numa pessoa saudável, quanto mais diversificada for a flora intestinal, melhor. E a gente realmente vê isso nos pacientes, que a diversidade está diminuída ou tem menos bactérias do que o habitual.”

Esses tratamentos são de ponta, mas caros e de difícil acesso à população. Entender os fatores ambientais e genéticos, bem como desenvolver uma cura eficaz para a maioria dos casos, estão entre os grandes paradigmas da gastroenterologia atual.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.