Entre os dias 26 e 30 deste mês, o Projeto Saúde Única Vale do Ribeira estará em ação no município de Iguape. O projeto trata da integração entre a saúde humana, a saúde animal, o ambiente e a adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle de enfermidades nos âmbitos regional, nacional e global. Hoje, o programa conta com o planejamento de atendimento de 900 pessoas agendadas e também com a realização de um serviço espontâneo — com foco na testagem de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e atualização do cadastro vacinal. Anna Sara Levin, professora do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do projeto, diz que espera que o programa possa ser replicado em diferentes municípios.
O projeto
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC/FM) da USP já apresentava relação com a região do Vale do Ribeira, sendo referência de atendimento complexo para toda a região. A partir de 2018, o projeto se inicia com o atendimento básico e os casos com maiores complicações são transferidos para o hospital. A especialista comenta que essa organização não costuma funcionar tão bem, uma vez que os pacientes ficam em filas extensas e o sistema de referência não opera com a qualidade esperada.
Anna explica que, no ano de criação do projeto, houve um surto de febre amarela na região devido à proximidade da população com a área verde, assim, grande parte dos pacientes em estado grave foram encaminhados para o HC e criaram boas relações com os agentes públicos da instituição. Depois dessa experiência, a USP disponibilizou um edital para a utilização do USP Móvel, caminhão equipado com instalações médicas, que passou a ser utilizado no programa atual.
O objetivo central da proposta é disponibilizar atenção complexa por meio de diferentes especialidades como vascular, dermatologia, oftalmologia e infectologia, além da presença de atividades físicas fornecidas pela Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP para pessoas que têm comorbidade e não podem realizar qualquer exercício. O projeto consegue, portanto, integrar o local e o global em um único espaço.
Outro aspecto interessante do projeto é a análise realizada para adaptar o atendimento médico às necessidades locais. “A ideia é que aqui quem vem atender é o médico jovem, tem muitos estudantes e residentes que fazem parte do projeto”, adiciona a professora. Fora isso, o projeto recebe doações de equipamentos de qualidade para o tratamento dos pacientes.
Atendimento
Para a realização do atendimento, é feita uma triagem básica com o objetivo de filtrar apenas os casos mais complexos. Dessa forma, o agendamento de horários é realizado para facilitar a organização local.
É interessante pensar que esse modelo de projeto pode ser exemplo para ações em outros municípios e a professora explica que é uma oportunidade de aprendizado para os jovens médicos. “Em um mundo ideal isso não seria necessário, essa relação entre atenção primária e terciária teria que ser automática por fluxo, não teria filas de atendimento. Essa é uma situação em que a gente está tentando resolver falhas da atenção de saúde do País e do Estado de São Paulo”, discorre.
O treinamento dos agentes comunitários de saúde também está sendo realizado pensando na melhora geral do sistema com a disponibilização de uma formação educacional durante os atendimentos. Além disso, o projeto também pensa em uma parceria com a fundação florestal, associando a saúde humana ao meio ambiente.
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