Atualmente na cidade de São Paulo existem 1,7 milhão de idosos, o equivalente a 15% dos paulistanos. Em 2050, segundo um estudo da Fundação Seade, os idosos vão corresponder a 30% da população do município. Apesar de as condições de vida estarem melhorando, permitindo que a população envelheça mais, será que as estruturas da cidade estão preparadas para lidar com esses novos números?
Pensando nisso, o Momento Cidade desta semana buscou especialistas para responder: como São Paulo pode tratar melhor a sua população mais velha?
Para a professora Yeda Duarte, da Escola de Enfermagem (EE) da USP, todos nós precisamos “entender que a velhice e o envelhecimento fazem parte dessa sociedade. Por isso, o envelhecimento tem que ser incluído e compreendido como parte integrante, participativa e colaboradora desta cidade”. De acordo com a docente, que é fundadora do curso de Gerontologia da USP, o princípio da solidariedade deve ser levado em conta tanto pelo poder público quanto por nós, os indivíduos. Cuidar melhor das nossas calçadas e espaços públicos, portanto, é essencial. Para a professora, “ter uma cidade mais planejada e mais organizada para a população que vive nela é necessário, é respeitoso e é urgente”.
Pesquisas realizadas na USP também comprovam a importância da criação e manutenção de espaços públicos como locais de convivência entre as gerações. Durante o mestrado, defendido em 2019 na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, a arquiteta Mariana Alves buscou entender o que acontece quando grandes universidades são instaladas em bairros ocupados por populações mais velhas.
“Eu fiz um estudo com idosos do bairro Bangu, em Santo André, que recebeu a Universidade Federal do ABC, há 13 anos. O que os idosos relataram foi que a chegada dos estudantes transformou muito o bairro, eles enxergam isso como positivo, mas que eles não se relacionam com os estudantes, cada um fica no seu universo”, conta Mariana.
Para ela, o poder público e, neste caso, as universidades poderiam estimular essa convivência. Além disso, quando se planeja bairros em grandes cidades, é preciso considerar melhor distâncias e deslocamentos. “Todos os bairros deveriam ter uma mínima infraestrutura que oferecesse condições para as pessoas permanecerem ali, de maneira que possam fazer tudo que precisam a pé, utilizando transporte público ou utilizando algum transporte alternativo”, aponta ela.
Na opinião da advogada e professora Bibiana Graeff, idealizadora da disciplina Direitos Humanos e Envelhecimento, ministrada na EACH, “São Paulo se tornará uma cidade mais amiga do idoso e de todos na medida em que promova espaços de escuta e participação política, dos grupos e das pessoas”. Para a especialista, o ponto de partida é ouvir o que os cidadãos querem, já que uma cidade boa para sua população mais velha é uma cidade boa para todos.
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Ficha técnica
Reportagem: Denis Pacheco
Edição: Beatriz Juska