Desde a última quinta-feira, dia 17, a capital chilena Santiago foi tomada por intensos protestos, com ônibus incendiados, saques em estabelecimentos e depredação de patrimônio público. A revolta da população vem crescendo desde o início do mês e o estopim foi um aumento de 30 pesos chilenos no preço da passagem de metrô – promovido pelo governo em 6 de outubro.
Mesmo que o presidente Sebastián Piñera já tenha recuado em relação às passagens, as manifestações continuam fortes. Foram registradas 18 mortes, e o governo já decretou estado de emergência e toque de recolher. Para entender o contexto desta agitação social e quais as possíveis conclusões, o Jornal da USP no Ar conversou com o professor Alberto do Amaral, da Faculdade de Direito (FD) da USP.
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“O aumento da passagem do metrô apenas tornou aguda uma situação que já vem se agravando há muito tempo no Chile”, aponta. Apesar de o país apresentar previsão de crescimento econômico de um ponto de vista mais amplo, existem problemas na sociedade que também sustentam o frenesi com as passagens do metrô.
Amaral comenta que o país é o terceiro mais desigual da América Latina, enfrenta problemas educacionais, o sistema de saúde é deficiente e o sistema previdenciário não atende às necessidades básicas dos aposentados. “Há um problema de aumento do custo de vida e deterioração dos setores mais pobres da população.”
Pelo fato de existirem tantas motivações para além da “ponta do iceberg”, que foi o aumento das passagens, não se sabe ao certo quando as manifestações devem acabar. “É difícil prever como se dará a finalização deste conflito. O protesto é bastante difuso. Conta com apoio considerável da população, mas não há lideranças específicas”, complementa o professor.
Ouça, no player acima, a íntegra da entrevista.
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