Desde fevereiro passado, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP está aberta para o público com a exposição sensorial Toque, que através de 255 obras táteis convida os visitantes a se relacionar com autorretratos feitos pelas mais diversas pessoas. Agora, além de prorrogar sua duração para até 25 de abril – antes a previsão era 28 de março -, a instalação contará com três debates, que buscarão aprofundar as discussões trazidas pelos seus eixos temáticos. O ciclo de debates Olhares Transversos – Programas Públicos acontecerá ao longo deste mês de março, nos dias 13, 20 e 27, sempre às 14 horas, e é gratuito.
A exposição, desde seu início, chamou a atenção não somente pelo seu tema, mas por ir além do modo tradicional de se absorver o significado da obra ao observá-la. Inteiramente composta de autorretratos produzidos por pessoas que não necessariamente possuem formação artística, videntes e sem visão e pacientes psiquiátricos, entre outros, ela coloca todos ali lado a lado como humanos, e sugere que o visitante explore toda a extensão dos trabalhos através do tato.
Na tentativa de destrinchar sua complexidade temática, o artista plástico Hélio Schonmann, criador da mostra, convidou a professora Lilian Amaral, doutora em Artes Visuais pela USP, para promover a curadoria de três mesas de debate. “Esperamos que as pessoas possam participar, usufruir e opinar. Menos do que debate, o que propomos é que as pessoas se sintam convidadas a vir conversar. É uma oportunidade de fala e de escuta coletiva”, afirma Lilian.
Olhares Transversos – Programas Públicos começa oficialmente no dia 13 de março, quarta-feira. Nesse evento, psicólogos, pedagogos, terapeutas ocupacionais e historiadores discutirão os pontos de encontro entre a arte e a terapia. Será abordada também a criação de um Memorial da Convivência Criativa, iniciativa ainda em desenvolvimento que pretende reunir as memórias de 30 anos de políticas públicas que envolvem arte, saúde e cultura simultaneamente. “Não existe um precedente anterior à ideia desse tipo de memorial. Ele pressupõe criar uma plataforma on-line, com eventos, atividades, cursos e palestras, feitos ao longo de três décadas, sobretudo nos Centros de Convivência e Cooperativa (Cecco), em São Paulo”, destaca Lilian.
No dia 20 de março, será realizada a segunda mesa de discussões. Nela, especialistas vão analisar pesquisas e práticas de agentes do campo da arte e da filosofia, relacionadas à integração e à acessibilidade dessas áreas do conhecimento. A mediação será feita por Schonmann, que, além de ser o curador responsável pela mostra, colabora na coordenação do ciclo.
No encerramento do ciclo Olhares Transversos – Programas Públicos, no dia 27 de março, o encontro irá propor uma reflexão sobre a arte como mediadora entre as esferas do indivíduo, da cultura e do ambiente. Com a participação de artistas, arte-educadores, terapeutas e ambientalistas, a mesa terá a coordenação da professora Lilian.
“Esperamos que, com essa oportunidade que nos foi dada pela USP, o ciclo de debates possa mobilizar discussões sobre as pautas urgentes de política pública que a exposição Toque atinge, e que ganhem um alcance qualificado proporcionado pelo ambiente universitário”, conclui Lilian.
O ciclo de debates Olhares Transversos – Programas Públicos acontecerá nos dias 13, 20 e 27 de março, das 14 às 18 horas, na Sala Villa-Lobos da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP (Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 2648-0841.