Publicação da USP faz balanço do setor hortifruti no Brasil e traz perspectivas para 2023

Disponível gratuitamente na internet, o Anuário 2022-2023 da “Revista Hortifruti” é resultado de pesquisas de mercado desenvolvidas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP

 10/01/2023 - Publicado há 1 ano
Publicação traz análises do mercado hortifruti no País – Arte sobre foto: Revista Hortifruti/Freepik

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A crise do custo de vida, o aperto das condições financeiras na maioria dos países, a invasão da Rússia na Ucrânia e a persistente pandemia de covid-19 pesam para um cenário econômico limitado em 2023, segundo o relatório de outubro do FMI (Fundo Monetário Internacional). O fundo prevê que o crescimento mundial desacelere, passando de 6% em 2021 para 3,2% em 2022 e para 2,7% em 2023. Além disso, o panorama econômico brasileiro não é nada animador. O principal desafio do novo governo é controlar gastos, visando a conter a inflação para uma trajetória sustentável de queda nos juros, e, assim, conseguir recuperar o poder de compra do brasileiro. No que diz respeito ao consumo de alimentos no Brasil, “a expectativa é de um arrefecimento nos preços dos alimentos, diante da desvalorização recente de vários insumos, incluindo os fertilizantes”, o que pode melhorar esse poder de compra segundo as informações publicadas na edição especial da revista Hortifruti Brasil, que traz o Anuário 2022-2023. A publicação está disponível gratuitamente neste link.

A publicação relembra os principais acontecimentos de 2022 e apresenta projeções para o setor de hortifruticultura no Brasil para 2023. Muito mais do que uma revista, a Hortifruti Brasil é o resultado de pesquisas de mercado desenvolvidas pela Equipe Hortifruti, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba. As informações são coletadas através do contato direto com aqueles que movimentam o setor de frutas e hortaliças, como produtores, atacadistas e exportadores, e esses dados são estudados criteriosamente por pesquisadores e analistas de mercado que integram a equipe da Hortifruti Brasil.

Desde 2016, o Hortifruti disponibiliza o seu conteúdo em diversas plataformas digitais (site, redes sociais e mobile), tornando as pesquisas cada vez mais acessíveis e interativas. A novidade desta edição, é que, como o público da revista já é maior no meio digital do que no impresso, a revista também estará em formato flip no site hfbrasil.org.br. Isso significa que os leitores podem “folhear” as páginas da publicação, como na versão em papel. Além disso, a revista impressa continuará sendo distribuída gratuitamente em todo o Brasil em 2023, e há também a publicação em formato exclusivo para WhatsApp.

Imagem: Reprodução/Anuário Hortifruti

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Boas notícias para o setor

A revista traz um panorama do mercado para 13 frutas e hortaliças (como cenoura, alface, batata, cebola, banana, uva e maçã), que foram acompanhadas pelo grupo, incluindo as perspectivas para 2023 (nas seções de cada cultura). Na matéria de capa, são mostradas as premissas para 2023, principalmente as relacionadas aos indicadores econômicos no panorama global e à renovação do governo brasileiro, além dos impactos causados pelo clima e pelo aumento dos custos de produção. As páginas on-line foram ampliadas e trazem atualização diária de preços, análises e notícias do setor. Além disso, usuários terão a um clique séries de preços completas das 13 culturas acompanhadas, devidamente divididas por região e nível de mercado.

Em relação às demandas domésticas, por exemplo, “as vendas de alimentos nos supermercados foram melhores no segundo semestre de 2022 em relação ao primeiro, segundo o IBGE, reflexo da redução do número de desemprego aliada à maior injeção de dinheiro na economia (proveniente do aumento do auxílio emergencial); no entanto, a demanda poderia ter sido mais aquecida se os preços dos alimentos não subissem tanto em 2022, o que, por sua vez, esteve atrelado ao elevado custo de produção no campo”. Para 2023, pesquisas do Hortifruti/Cepea mostram queda nos custos de produção e mais investimentos em área, o que reflete em melhorias no poder de compra do consumidor. Analisando o mercado externo, as exportações brasileiras apresentaram bom desempenho em 2022, mas o volume ainda deve ficar abaixo do de 2021 quando atingiram recordes, tanto em volume quanto em receita, favorecidas pelos avanços comerciais e produtivos do setor. Como afirmam os pesquisadores, a maior preocupação do setor em 2023 é a queda da atividade econômica global e seu possível impacto negativo sobre o consumo de frutas frescas.

Anuário traz panorama do mercado para 13 frutas e hortaliças – Imagem: Reprodução/Anuário Hortifruti

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A área de hortaliças fechou 2022 acima dos anos de 2020 e 2021, compensando parcialmente as perdas de investimento verificadas durante o período mais crítico da pandemia. “Esse recente aumento foi impulsionado pelas indústrias de tomate e de batata e também pela recuperação parcial das áreas de alface e cenoura. Já para as frutas, a estimativa é de uma ligeira queda na área de 2022 frente a 2021. Apesar do crescimento para manga e uva de mesa (influenciado pela exportação aquecida), as áreas cultivadas como mamão, melão e melancia devem cair com força. Já para banana e maçã, os investimentos se mantiveram estáveis em 2022. Mas a projeção para 2023 indica recuperação do grupo de frutas e hortaliças, influenciada pelo aumento na área de mamão e melancia, que são as culturas que mais reduziram os investimentos nos últimos anos. Para as outras frutas, a estimativa inicial é de estabilidade. Quanto às hortaliças, o aumento na área deverá ser concentrado na produção industrial de batata e tomate. Além disso, deve haver recuperação da área de cebola, e para alface e cenoura os investimentos devem se manter estáveis em 2023.

Segundo a Hortifruti Brasil, mesmo com a previsão de crescimento nos investimentos, o cenário ainda é de cautela. “A expectativa de custos mais baixos é uma boa notícia para o produtor brasileiro. No entanto, os gastos com insumos podem alterar de região para região, devido ao clima – o fenômeno La Niña deve seguir resultando em chuva acima da média no Nordeste e abaixo do previsto no Sul do País no verão 2023.”  Apesar de notícias mais otimistas de emprego no Brasil, as incertezas político-econômicas ainda devem limitar as previsões de crescimento econômico, como apontam os especialistas, lembrando que o segmento das exportações também não está muito animador, por conta do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e o aumento global da inflação. “Mesmo diante desse cenário, o setor de frutas e hortaliças brasileiro segue firme, realizando melhorias tecnológicas contínuas e protocolos de produção mais sustentáveis, visando a ofertar um alimento mais saudável e seguro aos consumidores brasileiro e global”.

Confira o anuário 2022-2023 neste link e acompanhe o conteúdo também pela página http://hfbrasil.org.br, pelo Facebook, Twitter e WhatsApp (19) 99128-1144.

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