Pesquisador da USP ganha prêmio na Alemanha com pesquisa sobre evolução das tartarugas

Gabriel de Souza Ferreira, da USP em Ribeirão Preto, trabalhou na reconstrução em 3D do sistema craniocervical da mais antiga tartaruga com casco completo

 04/03/2020 - Publicado há 5 anos
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Foi para entender como evoluiu o cérebro das tartarugas que um grupo de cientistas do Brasil, da Alemanha e do Reino Unido reconstruiu em 3D o sistema craniocervical (cabeça e pescoço) da mais antiga tartaruga com casco completo encontrada na Alemanha, a Proganochelys quenstedti. Esse estudo acaba de receber o prêmio Bernhard Rensch como melhor tese de Sistemática Biológica de 2019, no encontro anual da Sociedade de sistemática biológica da Alemanha

Reconstituição do cérebro e ouvido interno (canto direito), ossos do crânio (centro) e cabeça em vida (canto esquerdo) da tartaruga Proganochelys quenstedti – Foto: Stephan Lautenschlager

O estudo foi o doutorado de Gabriel de Souza Ferreira, do Laboratório de Paleontologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. Segundo Ferreira, mesmo que dos resultados não surja “um medicamento novo, ou a cura de uma doença”, eles são importantes para que a humanidade se aproxime um pouco mais dos mistérios que envolvem a evolução. 

Para o pesquisador, em tempos de “questionamentos da Terra plana, da Teoria da Evolução e do criacionismo junto à ciência”, ter a cada dia mais estudiosos divulgando evidências científicas é de extrema importância, pois “falar de paleontologia é uma forma de fazer as pessoas se interessarem pela ciência em geral e, ao se interessar pela ciência, elas entendem que pensamento crítico é uma coisa importante para a nossa convivência em sociedade”, afirma.

O prêmio 

A pesquisa Padrões e evolução da morfologia no crânio de tartarugas: contribuições da paleontologia digital, neuroanatomia e biomecânica levou para casa o prêmio alemão Bernhard Rensch como melhor tese de Sistemática Biológica de 2019. 

Inspirado no biólogo alemão Bernhard Rensch, um dos principais desenvolvedores da síntese evolutiva moderna, o prêmio é concedido pela Sociedade de Sistemática Biológica da Alemanha, durante seu encontro anual, a teses de doutorado e trabalhos acadêmicos nas áreas de paleontologia, botânica e zoologia realizados em território alemão.
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Gabriel de Souza Ferreira (direita) e Ingmar Werneburg (esquerda), co-orientador do estudo na Alemanha – Foto: Cedida pelo pesquisador

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Neste ano, o encontro aconteceu de 12 a 15 de fevereiro, quando Ferreira apresentou o trabalho e recebeu o prêmio. “Ganhar esse prêmio é sinônimo de reconhecimento e prova de que o trabalho que vem sendo desenvolvido é de nível internacional e que,
apesar de no País não termos reconhecimento atualmente, fora dele isso existe, provando que no Brasil existem pesquisadores bons e ciência de qualidade sendo feita.”  

A pesquisa é um trabalho de dupla-titulação em doutorado realizado por Ferreira no Brasil, sob orientação do professor Max Cardoso Langer, do Departamento de Biologia da FFCLRP, e na Alemanha com co-orientação de Ingmar Werneburg, do Instituto Senckenberg da Universidade de Tübingen. 

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