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Uma série de entrevistas com professores e engenheiros renomados estão disponíveis no canal Engenharia em Perspectiva, criado por Renato Vargas, que cursou mestrado e doutorado na Escola Politécnica (Poli) da USP. “Estou disponibilizando no YouTube um canal para discussão de temas de interesse da Engenharia com professores, empresários e engenheiros”, informa. O canal, que tem o apoio do Sindicato de Engenheiros no Estado de São Paulo, está lançando vídeos semanalmente.
Um dos vídeos, por exemplo, apresenta uma entrevista com José Roberto Cardoso, do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Poli, sobre A formação do Engenheiro, um tema de constante debate nos fóruns acadêmicos e empresariais. A adequação da formação do engenheiro às demandas do mercado é uma grande preocupação, mas diante da complexidade do Brasil, traduzir o mercado e os seus interesses não é tarefa fácil e remete a várias questões, que devem considerar o contexto nacional, informa o idealizador do canal.
Na entrevista, disponível na íntegra neste link, o professor e ex-diretor da Poli faz uma síntese de sua carreira docente e das realizações no campo do eletromagnetismo. “Engajado nas principais questões da Engenharia na atualidade, nos contempla com um descritivo de sua atuação em diversas instâncias comprometidas com a formação dos profissionais e apresenta as suas preocupações e propostas para a melhoria contínua no ensino dos engenheiros”, como apresenta Vargas.
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Engenharia em Perspectiva
O projeto do canal tem como objetivo discutir questões relevantes para a área. Segundo Vargas, existem espaços importantes de discussão, como o Sindicato de Engenheiros no Estado de São Paulo e o centenário Clube de Engenharia, os quais promovem seminários em defesa de uma Engenharia comprometida com o desenvolvimento nacional. Para ele, é intrínseca a relação da tecnologia com a Engenharia, e por conta do atraso tecnológico no Brasil a profissão acaba sofrendo o impacto dessa instabilidade. Ao mesmo tempo, aponta Vargas, também merece destaque a própria condição socioeconômica da categoria dos engenheiros, que enfrenta uma crise de empregos nos últimos anos, causada pela quebra do setor de óleo e gás – que levou dezenas de milhares de empregos para a Ásia – e pelo encerramento das atividades de várias indústrias do setor automotivo.
Esses temas demandam a abertura de novos fóruns, mediante abordagens que permitam a contextualização socioeconômica dos eventos da Engenharia para aprofundamento das discussões, diz Vargas, explicando que uma das propostas do projeto é avaliar a condição da Engenharia sob uma perspectiva histórica. “Uma história, aliás, que não é tão longeva”, lembra Vargas, acrescentando que o Brasil foi um dos últimos países da América Latina a criar universidades, e, portanto, a maior parte de suas escolas de Engenharia foi tardia.
Foi através de sua experiência de quase 40 anos como engenheiro, que surgiu a ideia do canal, como conta Vargas. Ele já trabalhou em várias empresas, seja como funcionário ou consultor, e ministrou cursos. “Neste tempo recolhi várias questões pertinentes à formação do engenheiro e educação tecnológica, conheci a realidade de pequenas, médias e grandes empresas e, especialmente, a realidade do engenheiro”, comenta, acrescentando que “neste tempo tive a oportunidade de acompanhar vários momentos da engenharia, desde as crises econômicas dos anos 80 e 90, até as melhorias dos anos 2000 e a recente crise”.
Vargas também participou de vários projetos relativos à questão tecnológica no Brasil, como pesquisador do Centro Interunidade de História da Ciência (CHC) da USP, desde estudos sobre história da ciência e da tecnologia até histórias institucionais da USP e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Estes se tornaram livros em que sou co-autor”, diz, informando que nesses trabalhos a história oral foi a principal fonte de conhecimento e, portanto, realizou dezenas de entrevistas. “Decidi retomar este tipo de trabalho, com base na minha experiência como engenheiro e com os projetos de história”, fala sobre a criação do canal. “É uma demanda natural resgatar aspectos históricos para a discussão de temas contemporâneos, e assim viabilizar um espaço de reflexão multidisciplinar para traçar as perspectivas e contribuir com eventuais propostas para a Engenharia”.
Confira abaixo algumas das entrevistas disponíveis:
– Entrevista com o professor Walter Bazzo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Tema: Educação Tecnológica (neste link)
– Entrevista com o professor Luiz Bevilacqua, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fundador e reitor da Universidade Federal do ABC (UFABC). Tema: UFABC e a Engenharia (neste link)
– Entrevista com o engenheiro Pedro Celestino, ex-presidente do Clube de Engenharia por 2 gestões. Tema: História da Engenharia (neste link)
– Entrevista com a professora Liede Bernucci, ex-diretora da Escola Politécnica da USP. Tema: Participação Feminina na Engenharia (neste link)
– Entrevista com Gildo Magalhães, Diretor do Centro Interunidade de História da Ciência (CHC) da USP. Tema: Sobre a Importância das Humanidades na Engenharia (neste link)
– Entrevista com professor Fábio Maza, Universidade Federal de Sergipe. Tema: Roberto Simonsen (neste link)
– Entrevista com o professor Francisco Queiroz, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Tema: Empreendedores “Esquecidos” na História: Padre Landell de Moura e Sinhá Moreira (neste link)
– Entrevista com o professor Gustavo Donato – reitor da Fundação Educacional Inaciana “Padre Sabóia de Medeiros”, antiga Fundação de Ciências Aplicadas. Tema: Os Jesuítas e a Engenharia (neste link)
