
Um relatório realizado pela Gi Group Holding indicou que 66% das empresas mundiais que fazem parte da Indústria 4.0 têm dificuldades com a contratação de profissionais especializados, sendo que, no Brasil, esse número sobe para 88%. “A indústria sempre foi um grande celeiro de inovação e de desenvolvimento tecnológico, principalmente na área de gestão, na área de produção. Ela vem num movimento há algum tempo de melhoria de produtividade, de automação e também num desenvolvimento incremental das tecnologias. Houve uma incorporação das tecnologias digitais, de informação e de comunicação, que entraram no meio do processo de trabalho como a robótica, a ‘nuvem’, o big data”, diz o professor André Lucirton Costa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP.
“Essas tecnologias são relativamente recentes e foram incorporadas rapidamente dentro da plataforma industrial. Assim, você precisa de pessoas que conheçam essas tecnologias”, comenta Costa. Ele acrescenta que a produção de produtos, sobretudo de softwares, que requerem o conhecimento de uma linguagem específica, ainda é um obstáculo para as empresas 4.0, já que falta especialização.

“Existem mecanismos dentro da internet para você aprender programação e uma série de coisas que precisam ser incorporadas nos currículos dos cursos. Você percebe a necessidade desses instrumentos, dessa nova linguagem ser ensinada ao aluno em formação na universidade”, diz o professor. Costa exemplifica iniciativas que tentam colocar essas tecnologias no mundo profissional com o Supera, um parque tecnológico que reúne diversas entidades, incluindo a USP, em Ribeirão Preto.
Soluções
“Cursos técnicos especializados são mais rápidos, qualificam para o básico para você entrar no mercado de trabalho e fazer atividades com o big data, programação ou lidar com internet das coisas, que são as tecnologias usadas nessa Indústria 4.0”, comenta o especialista. Geralmente as soluções, ao menos para adentrar no mercado de trabalho com um conhecimento básico, são de curto a médio prazo, já que esses cursos oferecem um rápido e focado ensino.
Entretanto, a longo prazo, o professor explica: “O grande problema que o Brasil tem é a educação básica. Nós temos uma deficiência na educação que custa caro, mais caro inclusive do que o investimento dentro da educação para a gente poder trazer as pessoas para o universo tecnológico”. Ele ainda completa: “Tende a ser um gargalo para o País. Não é só uma dificuldade momentânea. Quando começar a se disseminar para outras áreas, você vai precisar de mais gente com uma habilidade de difícil formação”. Com o home office, o País pode começar a perder os empregos dessa área para locais com maior capacidade de especialização.
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