Um desastre de infraestrutura mais do que um desastre ambiental

Guilherme Wisnik coloca o dedo na ferida e culpa as flexibilizações das leis de proteção ambiental e a má gestão por grande parte do que está ocorrendo hoje no Sul do País

 16/05/2024 - Publicado há 7 meses

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O professor Guilherme Wisnik, ao comentar sobre o que está acontecendo no Rio Grande do Sul, afirma em sua coluna desta semana que, mais do que um desastre ambiental, trata-se de um desastre de infraestrutura, um desastre urbano, que atribui em grande parte às flexibilizações das leis de proteção ambiental, postas em prática pelos governos gaúchos, preocupados em assegurar os privilégios do agronegócio. “Por um lado, o agronegócio destruindo ecossistemas como o Pampa, destruindo a terra, o manejo, o cultivo da terra como durante muito tempo se fazia; do outro lado, privilégios sempre dados à especulação imobiliária, à construção civil, levando a essas chamadas flexibilizações.” Para o colunista, a flexibilização nada mais é do que um modo mais chique de dizer destruição de códigos florestais e leis ambientais, das matas ciliares, que protegem as encostas e as várzeas, que permitem escoamentos, assim como as privatizações dos serviços de infraestrutura das cidades, como água e esgoto.

E aqui ele cita o professor e geólogo Rualdo Menegat. “Ele pergunta: ‘É isso a civilização, afinal, é o legado de todo o nosso pensamento, de um histórico de construção de cidades, de infraestrutura, é o cancelamento de tudo isso em nome do lucro privado?’ Porque aí, o Eduardo Leite diz que é uma situação de guerra que está sendo vivida e ele, Rualdo, contesta, dizendo ‘não, a situação de guerra é muito diferente, o que a gente está vendo é resultado de uma má gestão do uso do solo agrário e das cidades, num grande estado de desordem territorial'”. Dada a situação que já está aí, com o aquecimento global provocando mudanças climáticas, Wisnik entende que planos de emergência  serão cada vez mais fundamentais para a  gestão do nosso território. “Então, de um lado, transição energética como modelos gerais e, de outro, a revisão dos nossos modos de urbanização […] todo um sistema de renaturalização, que é caro, mas que é fundamental para a sobrevivência, caso contrário, lugares como Porto Alegre, no futuro, podem vir a ser como hoje a gente vê.”


Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar  quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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