Brasil é o terceiro pior entre 42 países, segundo relatório da OCDE sobre educação

O Brasil investe US$ 3 mil por aluno na educação pública, ante a média dos países da OCDE de mais de US$ 10 mil

 26/09/2023 - Publicado há 7 meses
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Relatório recente sobre educação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que tem sede em Paris e reúne em geral países mais avançados, mostra que o gasto por aluno no Brasil é o terceiro pior entre 42 países, pouco mais de um terço da realidade da média dos países ricos. O Brasil investe algo em torno de quase US$ 3 mil por aluno, isso levando em conta todos os investimentos públicos na educação, divididos pelo número de matrículas do ensino fundamental até o médio.
Na base, a média dos países da OCDE é de mais de US$ 10 mil, nós estamos em US$ 3 mil. E o Brasil, exatamente por isso, só supera o México e a África do Sul. É claro, se a gente olhar os gastos totais do Brasil em educação básica com relação ao PIB, tudo aquilo que é produzido no País, nós temos um indicador parecido com os países avançados. No entanto, quando a gente vai olhar os gastos por aluno, como a OCDE fez, isso se revela um cenário mais preciso e também mais assustador para nós. Países como Argentina,  Colômbia , Chile  e Costa Rica investem valores maiores do que o nosso – lá na ponta de cima estão Suíça, com US$ 18 mil  por aluno, Noruega, com US$ 16 mil por aluno.
Os dados se referem só ao ano de 2020 e mostram claramente que, após o início da pandemia da covid, o Brasil fez um movimento inverso ao adotado pelos países ricos com relação aos gastos com a educação. O País reduziu o investimento em educação entre 2019 e 2020, que é uma barbaridade para nós. A OCDE já havia publicado algo parecido em 2021, mas agora, de forma muito precisa, ela mostra que mais de 70% de todos os países elevaram o orçamento durante a própria pandemia. No entanto, nós vimos, durante o governo passado, os investimentos em educação caírem, o que é um desastre para o Brasil, que precisa, mais do que nunca, da educação, esses valores de investimento  revelam exatamente a distância que nos separa dos países que têm melhores resultados educacionais, onde as pessoas vivem melhor, têm uma qualidade de vida melhor do que a nossa.
O relatório da OCDE  traz ainda dados sobre os jovens brasileiros em comparação com outros – o Brasil tem o sexto pior índice dos jovens de 18 a 24 anos que nem estudam nem trabalham, os chamados nem-nem. Enquanto a média desses países da OCDE é de 15% de jovens sem trabalhar e estudar, no Brasil são 25%, é muito grande, e as mulheres brasileiras são as mais atingidas pelo desemprego e pela exclusão escolar. As taxas desse nem-nem – nem trabalha nem estuda – entre a população de 18 a 24 anos são muito altas entre as mulheres: de 30% entre as mulheres de 18 a 24 anos.
O ensino profissionalizante vai mostrar uma realidade parecida. O Brasil precisa formar gente com ensino profissionalizante, que possa ter acesso ao mercado de trabalho de forma qualificada; no entanto, o número de alunos continua sendo baixo, algo em torno de 15% dos jovens com idade entre 25 e 34 anos. É preciso mudar esse quadro, senão realmente vai ficar difícil, ou melhor, mais difícil.

Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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