Programa para a indústria automobilística associa inovação à redução de consumo de carbono

Pedro Luiz Côrtes explica os requisitos necessários para que as indústrias participem do programa nacional de Mobilidade Verde e Inovação e comenta sobre a sua funcionalidade na prática

 Publicado: 05/04/2024
Algumas das propostas do programa são que as indústrias invistam em modelos que facilitem a reciclagem veicular – Foto: Wikipédia
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O programa nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) foi aprovado recentemente pelo Governo Federal, que oferecerá mais de R$19 bilhões em créditos financeiros entre 2024 e 2028 para as montadoras que aderirem ao programa. Ele visa promover a descarbonização da frota automotiva por meio de incentivos fiscais, ampliando as suas exigências de sustentabilidade e estimulando o uso de novas tecnologias nas áreas de mobilidade e logística, além de avaliar os impactos das emissões desde a produção até o descarte final dos veículos.

Diretrizes do Mover

Pedro Luiz Côrtes

De acordo com o professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), o governo procura associar a inovação tecnológica com a redução de consumo e de emissões de gás carbônico. Dessa forma, ele explica que há uma série de requisitos para que as indústrias possam aderir ao programa, como produtividade, eficiência energética em veículos, investimentos em pesquisa e inovação, promoção de biocombustíveis ou propulsão alternativa com emissões reduzidas, integração global da indústria automotiva nacional com as cadeias globais, adoção de sistemas produtivos neutros em carbono e capacitação profissional em mobilidade e logística.

Sobre a última diretriz, o docente comenta: “Isso também depende de investimentos de infraestrutura por parte do governo, porque nossa frota tem que utilizar rodovias que nem sempre estão em boas condições e um outro requisito básico é o aumento dos empregos, ou pelo menos a manutenção dos empregos nas empresas. Ou seja, tem questões que talvez não sejam totalmente compatíveis, porque ele quer ganho de produtividade por parte das indústrias, mas sem que isso implique na demissão de pessoas”.

Funcionalidade do programa

Côrtes afirma que algumas das propostas do programa são que as indústrias invistam em modelos que facilitem a reciclagem veicular, com o reaproveitamento de peças, no cálculo da emissão do gás carbônico no ciclo completo do combustível — desde a extração do petróleo até a utilização por parte dos veículos —, na padronização das informações sobre consumo e emissões para efeito de comparação e no uso de tecnologias assistivas na direção.

“E, para que isso seja colocado em prática, é muito importante a integração das cadeias produtivas às cadeias globais, e um ponto muito interessante é que, a partir de 2027, o cálculo das emissões será feito desde a produção até o descarte final, que é a análise do ciclo de vida. Isso é uma proposta bastante arrojada para esse programa, ele associa a inovação tecnológica à redução de consumo e melhoria na qualidade dos veículos produzidos”, finaliza.


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