Menos é mais

Marília Fiorillo se vale do confronto entre Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes para tecer novos comentários a respeito do universo virtual, com todo o culto da estupidez que o caracteriza

 Publicado: 19/04/2024

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Em sua última coluna, Marília Fiorillo cita o filósofo coreano Byung-Chul Han, para quem o mundo digital, com seus incontáveis aplicativos, gera um vício mais nefasto que o dos opioides, nos tornando zumbis que não mais diferenciam o real  do virtual. Dias depois, explodiu o polêmico caso envolvendo Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes, o qual ela define como “a luta agônica entre o vale tudo do poder cybereconômico versus as barreiras legais e legítimas de proteção do cidadão-internauta. Falar em liberdade de expressão, o mantra  da direita, é, nesse contexto, para lá de ridículo  […] a gente está cansado de saber os efeitos devastadores dessa mídia associal: a quantidade de suicídios juvenis que ela provoca, as toneladas de ódio que ela instiga e as megatoneladas de fake news propagadas. Sem falar em abusos sexuais, redes de pedofilia, negócios criminosos e compras  instantâneas de drogas, principalmente as lícitas, isto é, os tais opioides, que geram lucros astronômicos para a indústria farmacêutica”.

Por sorte, segundo Marília, nem tudo é o “culto da estupidez”. Para provar sua tese, ela cita um artigo publicado no The Washington Post em 8 de fevereiro deste ano. Um grupo de economistas das Universidades de Chicago, Berkeley e Colônia, na Alemanha, resolveu medir o quanto as pessoas pagariam para que essas plataformas sumissem do mapa. “Resultado: a maioria pagaria bem, pois achava que não ia perder nada se ficasse sem elas. Elementar: somos bombardeados com tal quantidade e velocidade de informações falsas, tolas e inúteis, que a infomania galopante, a doença do momento, não nos dá tempo para selecionar, ignorar e, principalmente, pensar a respeito do que recebemos. Isso quanto às informações”, argumenta. “Já quando se trata de consumismo, a posição se inverte. Os novos endinheirados penhorariam a alma para adquirir um Rolex só para não se sentir um perdedor diante do vizinho, primo ou amigo que exibem essa e outras grifes. Não é exatamente que queiram. É que, não possuí-los, os transforma em párias no seu círculo social. Que pacto fáustico mais mequetrefe, mixuruca, brega e enganoso. Isso se chamava cobiça, quer dizer, desejar não intimamente, mas só por impulso de imitação. E o Rolex do vizinho provavelmente é falso, pior ainda. Menos é mais…mais chique, inclusive.


Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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