Nesta edição de sua coluna, Guilherme Wisnik trata do embate entre Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes, que tanto despertou a atenção da imprensa na última semana, gerando, além do mais, uma grande polêmica. Wisnik aproveita a deixa para falar sobre a questão da liberdade individual versus a responsabilidade coletiva. “Porque isso é uma grande falácia do discurso individualista, ultraneoliberal, digamos assim, que se faz parecer uma liberdade, quer dizer, que se faz parecer libertário quando, na verdade, é violento e autoritário. Porque, no fundo, o contrato social, a evolução da sociedade humana se baseia na ideia de que muita gente vivendo junta precisa de regras para o convívio coletivo em prol de uma ideia de bem comum; se você hoje quer abolir isso tudo em nome de uma suposta liberdade individual, onde cada um teria direito a fazer tudo que ele mesmo quiser, isso é tão básico como negação da ideia do que é uma sociedade, que representa um retrocesso gigante.”
De acordo com o colunista, é possível perceber, no andamento da história humana, um curioso encontro entre um primitivismo e uma supercontemporaneidade tecnológica. “O Elon Musk, representando essa tecnologia, vem dar voz a um discurso que parece vir quase que do período paleolítico. Porque, se a gente pensar, foi na passagem do paleolítico para o neolítico, da idade da pedra para a sedentarização e agricultura, que a sociedade humana passou de ser organizada em tribos nômades e caçadoras e coletoras para um grupo tribal, organizado em prol de um trabalho coletivo de um bem comum, quer dizer, hoje, a supertecnologia, contraditoriamente, parece nos levar, nos jogar, quase que para 10 ano mil anos atrás, quando então valia totalmente o princípio da liberdade individual e da guerra de todos contra todos.”
Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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