O professor Luciano Nakabashi fala nesta edição de sua coluna sobre as medidas criadas pelo governo federal para estimular os carros populares e se isso é bom para a economia do País. Em sua opinião, tais medidas estão voltadas para um período imediato, “porque a redução do preço dos automóveis populares estimula uma produção já no curto prazo, incentivando a cadeia que está ligada ao setor de automóveis, um setor que tem passado por uma certa estagnação nas vendas, e é um afago à classe média, quando a gente pensa num produto de 60 mil, 70 mil, é um produto de alto valor, então isso é para a classe média no Brasil – os mais pobres dependem muito do transporte público”, argumenta o colunista.
Nakabashi diz que, para estimular a indústria no País, é preciso que ela seja competitiva, que se integre às cadeias produtivas globais, o que vai contra essa questão do conteúdo nacional. “O que importa não é ter conteúdo nacional, o que importa é ser competitivo em termos globais, e as indústrias que têm feito isso com sucesso – se a gente pega hoje o grande exemplo da China – têm feito de forma a integrar a sua indústria nas cadeias produtivas globais, produzindo uma parte do produto, importando, produzindo uma parte do produto, exportando, para que ele seja feito em outros países. Então, essa é a indústria que a gente tem que estimular e que foi um dos grandes erros do passado tentar estimular a criação de todas as etapas da cadeia produtiva no País. Os grandes fracassos da nossa indústria, falta de competitividade, vêm desse tipo de política. É preciso integrar a indústria, é preciso estimular não o consumo de veículos privados, individuais, mas o transporte público, que é mais eficiente. Ele é menos poluente, ele é mais eficiente em termos de gasto de energia. E isso tem que ser prioridade no País.”
Para Nakabashi, o importante é criar políticas que deem estabilidade e menos incerteza no ambiente macroeconômico, o que atrairia para o País investimento privado, seja de empresas nacionais, seja de empresas estrangeiras. “O governo precisa focar nesse tipo de medida e pensar na questão do transporte público […] isso é muito mais democrático. Quando você tem um bom transporte público, tanto pessoas de alta, média e baixa renda usam o mesmo transporte, que ele acaba sendo mais eficiente e acaba sendo mais rápido, mais barato, e, aí sim, você pode até ter subsídio, porque ele é menos poluente”, explica. Para finalizar, ele diz que o governo tem de focar em reformas de médio e longo prazo, as quais vão melhorar a economia nacional, “e não pensar nessas políticas que dão resultado no curto prazo, mas acabam sendo negativas para o País ao longo do tempo”.
Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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