Fibromialgia também acomete crianças e prejudica atividades comuns da infância

Segundo Amélia Pasqual Marques, diálogo e compreensão são fundamentais para que a família e os responsáveis possam identificar os incômodos dessa síndrome que pode atingir crianças entre 9 e 15 anos de idade

 12/06/2023 - Publicado há 11 meses
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Diálogo e compreensão são fundamentais para que a família e os responsáveis possam identificar os incômodos da fibromialgia – Foto: Freepik
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A fibromialgia é observada principalmente em adultos do sexo feminino, entre 30 e 50 anos, mas também pode acometer crianças entre 9 e 15 anos, resultando em uma prevalência de 0,2% a 6,6% da população mundial. As dores e tensões da fibromialgia são associadas frequentemente a sono não reparador, fadiga, sintomas somáticos e cognitivos, por exemplo, dificuldade em atividades intelectuais conscientes, como memória e raciocínio, e distúrbios psíquicos como ansiedade e depressão. Quando presente na infância, a fibromialgia pode afastar a criança ou o adolescente de suas atividades rotineiras pelo desconforto causado por esses sintomas. 

Causas

Amélia Pasqual Marques – Foto: LinkedIn

A fibromialgia infantil foi descrita pela primeira vez em 1985 e não apresenta causas definidas, assim como a fibromialgia em adultos. Essa é uma das razões da fibromialgia juvenil ser classificada como síndrome. “A fibromialgia é uma síndrome porque não tem uma causa específica dessa dor e como ela se baseia apenas em avaliação de sintomas, é uma síndrome e não é considerada uma doença como outras”, explica Amélia Pasqual Marques, professora do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP.

Algumas hipóteses, no entanto, são consideradas no meio médico: “Hoje, o que se apresenta de maior entendimento é que vários fatores contribuem para o seu aparecimento e perpetuação, cuja ênfase é dada a um distúrbio da regulação da dor em nível central, onde o sistema nervoso central (SNC) encontra-se alterado na sensibilização central, pelas mudanças do estado de restauração da conectividade funcional cerebral, pelas alterações da fase alfa do sono, pela disfunção do sistema nervoso, entre outros”, diz Amélia. 

Outros agravantes para essas dores envolvem questões psicológicas: “As dores ocorrem após um evento traumático importante na vida dessas pessoas — um luto, uma ruptura afetiva, fracasso sentimental ou profissional, violência, em especial a doméstica —, o que pode levar ao surgimento das queixas somáticas”.

Atenção da família

Diálogo e compreensão são fundamentais para que a família e os responsáveis possam identificar os incômodos da fibromialgia. “A atenção maior da família deve ser em relação às queixas de dor. Muitas vezes, a família acha que a origem da dor é simplesmente desculpa para não ir à escola ou realizar alguma atividade. Além da dor, a criança pode estar se afastando de suas atividades cotidianas, chorar com frequência, não interagir com a família, colegas na escola e amigos”, diz Amélia. 

Após reconhecer o problema, deve vir a busca pelo tratamento, de preferência multiprofissional, com a presença de psicólogos, reumatologistas e fisioterapeutas. “Também é importante que façam exercícios físicos rotineiramente, deixando a criança escolher o que mais gosta: caminhada, corrida, natação, esportes todos altamente recomendáveis”, acrescenta Amélia. 


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