“A conveniência proporcionada pelo uso dos plásticos nos cegou para seu impacto”, ressalta a professora Sylmara Dias, especialista em Gestão de Resíduos Sólidos da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. Segundo um estudo do Blue Keepers, projeto ligado ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é responsável por 3,44 milhões de toneladas de plástico que chegam aos oceanos todos os anos. Estima-se que há acumulado nas águas de 86 a 150 milhões de toneladas desses resíduos. “A poluição por plásticos aumenta os riscos à saúde humana devido à sua ingestão pelos animais marinhos e à liberação de substâncias químicas que se acumulam nas cadeias alimentares”, explica a especialista.
O plástico representa uma grande quantidade dos rejeitos que compõem o lixo que atinge os oceanos e mares, mas quais as outras fontes dessa poluição?
De onde vem o lixo?
Além dos plásticos, Sylmara acrescenta mais exemplos dentre os contaminantes: “O lixo marinho é composto de materiais sólidos fabricados, utilizados e descartados — proposital ou acidentalmente — no ambiente marinho. Fazem parte materiais plásticos, metais, madeiras, borrachas, vidros e tecidos, que não são biodegradáveis e que, ao persistirem no ambiente, têm um impacto negativo na qualidade do oceano”.
A professora ainda pontua que cerca de 80% do lixo despejado no oceano vem de atividades realizadas em terra: em indústrias, residências ou espaços públicos como ruas e praças. Já o restante é proveniente de atividades realizadas no mar, como a pesca e o transporte marítimo.
Assim, o montante de lixo presente nas águas do planeta é muito grande e, por isso, a preocupação com o meio ambiente precisa ser do mesmo tamanho.
Como minimizar os danos
Em março de 2023, a ONU aprovou um acordo para a criação de um tratado global da poluição por plástico, considerado “o pacto ambiental mais significativo desde o Acordo de Paris” pela resolução da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente. “Apesar de décadas de esforços para prevenir e reduzir o lixo no mar, o problema continua crescendo na escala local e global. É um problema complexo, que não se resolve com uma única solução”, explica Sylmara.
Para ela, as possibilidades incluem desde a ampliação da reciclagem, redução dos plásticos de uso único, a uma legislação robusta que visa a ofertar, a um custo similar ou menor, alternativas ao plástico e também inovar com sistemas de distribuição a granel ou em embalagens retornáveis. Ainda estaria o incentivo da criação de zonas livres de plástico — onde não são fornecidos, comercializados ou utilizados os de uso único — como escritórios, aeroportos, escolas, hotéis, quiosques, eventos ou cidades.
*Sob supervisão de Paulo Capuzzo
Parceria: Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano - Instituto de Estudos Avançados, Instituto Oceanográfico, Rádio USP e Jornal da USP
Produção: Alexander Turra, Katharina Grisotti e Julia Lima Monteiro Carvalho
Coprodução: Cinderela Caldeira, Alessandra Ueno, Julia Galvão e Guilherme Castro Sousa Edição: Rádio USP E-mail: ouvinte@usp.br
Edição: Rádio USP
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