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Uma notícia a ser comemorada: o crescimento, pelo terceiro ano consecutivo, do número de cidades no Brasil que contam com pelo menos um veículo jornalístico, segundo dados do Atlas da Notícia. E não se trata de um crescimento medíocre: algo em torno de 8,6% de 2021 para 2022 e de 2020 em relação a 2021. Embora seja um crescimento nada desprezível, Carlos Eduardo Lins da Silva prefere a moderação ao entusiasmo. Isso porque os novos veículos surgidos nessas cidades estão longe de ser grandes, muitos deles são empreendimentos individuais, como blogs ou perfis. Na dança dos números, são 2.712 municípios do País em que não há nenhum veículo jornalístico contra 2.858 em que há pelo menos um.

“Os desertos de notícias, que são esses municípios sem nenhum veículo jornalístico, têm uma população somada de 26,7 milhões de pessoas, enquanto que os não desertos são 176 milhões e 300 mil pessoas. Ou seja, a imensa maioria dos habitantes do Brasil, hoje, tem pelo menos um veículo jornalístico na cidade onde vive, e essa é uma notícia, de fato, muito boa”, analisa o colunista. Mas ele vai além e defende a implantação de políticas públicas que incentivem e estimulem a existência de jornais ou veículos de comunicação, de qualquer espécie, em todos os municípios brasileiros, a exemplo do que têm feito os Estados Unidos, que também sofrem com o mesmo problema.

Lins da Silva chama a atenção também para um outro aspecto da questão: “Seria bom saber se esses veículos jornalísticos novos estão atuando com independência, porque uma das coisas que aconteceram, e que levaram ao desgaste e à extinção de diversos veículos pequenos em cidades pequenas, foi o fato de que esses veículos perderam a independência e, por isso, não conseguiram cumprir o seu papel de estimular e incentivar a democracia”.

O professor encerra sua coluna prestando uma homenagem ao jornalista Alberto Dines, já falecido, “grande estimulador dessa iniciativa do Atlas da Notícia. Ele concebeu um projeto, que chamava de grande e pequena imprensa, que tinha o objetivo de ajudar os veículos de cidades pequenas a melhorarem e a aumentarem”.

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