“Âncora fiscal é de suma importância para o País”

A afirmação de Luciano Nakabashi tem a ver com o fato de a âncora fiscal estar relacionada à saúde financeira do governo, à capacidade de pagamento e, consequentemente, da própria economia

 22/03/2023 - Publicado há 1 ano

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Dando sequência ao seu comentário da coluna anterior, a respeito da âncora fiscal, o professor Luciano Nakabashi diz que ela é de suma importância para o País, porque está relacionada à saúde financeira do governo, à capacidade de pagamento e, consequentemente, da própria economia. “Claro que tem outros elementos que são importantes, mas sem sombra de dúvida a relação dívida/PIB e a trajetória são fundamentais para você pensar na saúde econômica que a gente chama de fundamentos econômicos […] quanto mais altos os juros de uma dívida, maior vai ser o pagamento também de juros, então isso também afeta essa dinâmica e o próprio PIB.”

De acordo com Nakabashi, uma boa âncora fiscal deve olhar esses elementos que envolvem a relação dívida/PIB. Diz ele: “Se
a dívida está muito alta em relação ao PIB, é desejável que se tenha uma redução, e para isso vai se criar superávits primários, que é  aquele  superávit onde as receitas do governo, nas três esferas do governo, são maiores que os gastos, sem contar o pagamento de juros […] por isso que é importante ter uma âncora fiscal que seja crível, que seja estável e que leve a uma trajetória sustentável dessa relação dívida/PIB, então, um exemplo é quando a gente pensa numa trajetória que é crível, as pessoas, os agentes econômicos falam ‘o governo vai conseguir cumprir com as suas obrigações, então isso vai exigir uma taxa de juros mais baixa'”.

Em outro trecho de seu comentário, ele argumenta que “uma âncora fiscal que faça sentido, que leve a uma trajetória estável, pode levar a uma queda do juros e a um crescimento da economia, que vai facilitar o trabalho do governo em deixar essa trajetória sustentável. Então, tem que se levar em conta a interação entre essas variáveis com foco no gasto, não é? Quando você tem uma meta de um tal superávit primário, o foco tem que ser no gasto. É claro que em alguns momentos vai ter que ter aumento de receita, quando a necessidade de superávit for maior do que se consegue pelo controle dos gastos. Mas o foco tem que ser nos gastos, porque a carga tributária no Brasil já é alta e isso prejudica, aumentar ainda mais receita de tributos, aumentar mais a carga tributária para aumentar a receita e, com isso, obter superávit primário”.

Nakabashi conclui seu comentário dizendo que, nesse desenho da âncora fiscal, esses elementos têm que ser olhados com bastante cuidado.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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