Quilombo Academia: Marisa Monte e Ellen Oléria são dois jeitos especiais em um único sentido negro de canto em procura da existencialidade africana

A multiplicidade da africanidade seguindo um mesmo caminho polissêmico do canto negro

 06/10/2023 - Publicado há 7 meses
Quilombo Academia - USP
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Quilombo Academia: Marisa Monte e Ellen Oléria são dois jeitos especiais em um único sentido negro de canto em procura da existencialidade africana
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Há vários elementos que são possíveis de entendimento na análise de aproximação de duas artistas, que se mostram a procura de uma dialética que venha elucidar a necessidade de uma música com função de projeto social. Marisa Monte que é consagrada pelo sucesso em razão da qualidade e do bom gosto, ainda assim busca sentidos que possam dimensionar o seu sentimento portelense, de africanidade de bairro empobrecido carioca como Madureira, com o direito a qualidade de vida, que é infelizmente quase inexistente nesses lugares.

Ellen Oléria apresenta uma polissemia de negritude musical, que trás consigo um dimensionamento de uma tribalidade urbana que é, a despeito das dificuldades, própria de uma vivência comunal dos empobrecidos nos lugares empobrecidos, onde a herança da afro-solidariedade é mais expressiva. É nessa linha de compreensão que percebo ‘ao meu quase cego ver’ uma analogia teleológica entre essas duas cantoras a primeira estruturada pelo estabelecimento da qualidade e a segunda estruturante pela emergência vista em uma representatividade por ora ainda negada, que se mostra incontida pela força da significação comunal do matriarcado negro. Ambas cantam um sentimento de angustia frente a distopia da frieza da lógica acumulativa eurocaucasiana que lhe é estranha ao calor existencial do samba negro, que elas representam.


Quilombo Academia

O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.

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