A ontologia musical de Caetano Veloso se estabelece no imaginário da espontaneidade crítica e reflexiva de uma intelectualidade orgânica gramsciana, que Caetano quer para reinventar o Brasil, com base nos movimentos sociais. Sendo uma espécie de desconstrução utópica, fenômeno que é percebido na significação do conjunto da sua obra, parecendo sugerir um rompimento com a verticalidade da hegemonia imagética do euro-hetero-macho-autoritário.
A utopia onírica da sua obra está para além da estética iluminista, que é limitada a arte, divorciada da realidade. A erudição da caetanidade encontra no cotidiano das ruas da telúrica brasilidade baiana um mundo de axiologia miscigênica, que Caetano sugere como paradigma para negar o cartesianismo eurocaucasiano, em proveito de uma alegria revolucionaria bakhtiniana. Cuja essência é a polissemia existencial do samba, que tem amplitude holística na emergência da corporalidade do ibero-ásio-afro-ameríndio, que no prazer do canto e da dança sugere um não ao limite anticivilizatório da imposição monocultural eurocaucasiana.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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