Simpósio traz discussões sobre a obra de Heitor Villa-Lobos

Com palestras, debates, concertos e lançamento de livro, encontro acontece nos dias 14, 15 e 16 no Espaço das Artes da USP

 12/09/2022 - Publicado há 2 anos
O compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos – Fotomontagem com imagens de Freepik e Wikimedia Commons por Adrielly Kilryann/Jornal da USP

 

Um grande fórum de discussão sobre a obra do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Assim pode ser considerada a sétima edição do Simpósio Villa-Lobos, que acontecerá nesta semana, nos dias 14, 15 e 16, no Espaço das Artes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, na Cidade Universitária, em São Paulo. Promovido pelo grupo de pesquisa Perspectivas Analíticas para a Música de Villa-Lobos (Pamvilla) – que neste ano completa uma década de atividades -, o evento trará palestras, mesas-redondas e concertos – um deles a ser executado pela Orquestra Sinfônica da USP (Osusp), no dia 16, sexta-feira, às 12h30, no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária. Na ocasião, a Osusp exibirá obras de Edino Krieger, Gilberto Mendes (1922-2016) e Villa-Lobos. Também no dia 16, às 17h30, será lançado o livro A Genialidade de Villa-Lobos, do professor da ECA e coordenador do Pamvilla Paulo de Tarso Salles e do professor Loque Arcanjo Jr. A entrada no simpósio é grátis, mas os interessados em participar do evento devem manifestar interesse através do e-mail simposiovillalobos@gmail.com. A programação completa do encontro está disponível neste link.

O professor Eduardo Morettin – Foto: Arquivo pessoal

No simpósio, a obra de Villa-Lobos será analisada em torno de dois grandes eixos temáticos: o centenário da Semana de Arte Moderna e o Bicentenário da Independência. A abertura do evento será às 14 horas desta quarta-feira, dia 14. Em seguida, às 15 horas, o professor da ECA Eduardo Morettin fará a palestra Heitor Villa-Lobos e Humberto Mauro em Descobrimento do Brasil (1937): Convergências e Dissonâncias. Nela, Morettin vai abordar a participação de Heitor Villa-Lobos no filme do cineasta Humberto Mauro (1897-1983). “Produzido pelo Instituto de Cacau da Bahia (ICB), o filme contou com a colaboração, dentre outros, de um intelectual importante para a compreensão do trabalho do compositor naquele período: Edgar Roquette-Pinto, então diretor-presidente do Instituto Nacional do Cinema Educativo, órgão pertencente ao Ministério da Educação e Saúde Pública”, vai dizer Morettin. Para o filme, Villa-Lobos compôs quatro suítes, utilizadas para formar a trilha sonora. “Discorrerei sobre as relações entre som e imagem, considerando que a música sugere determinada visão do acontecimento que não necessariamente corresponde à representação dada por Descobrimento do Brasil, ao mesmo tempo em que nos fornece subsídios para que pensemos a apropriação feita por Mauro do universo musical do compositor, em um contexto marcado pela discussão acerca das possibilidades do uso do cinema para fins educativos e de legitimação simbólica do regime de Getúlio Vargas.” No mesmo dia 14, às 18h30, haverá a mesa-redonda Villa-Lobos e a Modinha: História, Cultura, Influências, com a participação de pós-graduandos da USP.

O professor Loque Arcanjo Jr. – Foto: Reprodução/UFOP

No dia 15, quinta-feira, às 15 horas, o Simpósio Villa-Lobos vai apresentar a palestra Por Uma Sensibilidade Latino-Americana: Heitor Villa-Lobos e a Musicologia de Alejo Carpentier, a ser proferida pelo professor Loque Arcanjo Jr., da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Na palestra, Arcanjo Jr. vai abordar a crítica do musicólogo cubano Alejo Carpentier (1904-1980) sobre a obra de Villa-Lobos, publicada no final dos anos 1920. “No contexto da busca pela autonomia cultural latino-americana levada a cabo por diversos movimentos de vanguarda, Carpentier considerava a obra do compositor brasileiro uma espécie de metáfora da independência cultural latino-americana em relação ao mundo europeu e estadunidense”, dirá o professor. “Na crítica de Carpentier, a música do compositor brasileiro tornou-se expressão artística das tensões, das negociações e dos sutis limites existentes entre as sonoridades musicais que buscam traduzir culturas locais e os estereótipos construídos na conjuntura das modernidades artísticas latino-americanas no início do século 20.” Também no dia 15, a partir das 19h30, o violoncelista Lars Hoefs e o pianista Alexandre Zamith vão conversar sobre a Sonata Número 2 para Cello e Piano, de Villa-Lobos, e em seguida executarão a peça.

O professor Luciano de Freitas Camargo – Foto: Reprodução/Facebook

Já no dia 16, às 15 horas, será a vez de o professor Luciano de Freitas Camargo, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), proferir a palestra Questões de Performance no Choros nº 10 de Heitor Villa-Lobos. Nela, Camargo vai abordar aspectos interpretativos daquela obra do compositor e sua relação com as condições específicas de um concerto realizado no dia 6 de novembro de 2022 pela Orquestra Acadêmica de São Paulo e Coral da Cidade de São Paulo, ainda no contexto da pandemia de covid-19. “Serão abordadas questões a respeito da edição da obra, adaptações nas partes vocais e instrumentação, bem como decisões interpretativas baseadas nas condições espaciais e acústicas relativas às restrições impostas pela pandemia, tais como a limitação do efetivo de cantores e instrumentistas, uso de máscaras por parte dos intérpretes e outras restrições circunstanciais”, antecipa o professor. Ainda na sexta-feira, dia 16, às 16 horas, a musicóloga Camila Fresca, Paulo de Tarso Salles e Loque Arcanjo Jr. participam da mesa-redonda Rediscutindo a Biografia de Villa-Lobos.

O 7º Simpósio Villa-Lobos acontece nos dias 14, 15 e 16 de setembro no Espaço das Artes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Rua da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, em São Paulo). Evento grátis. Interessados em participar do encontro devem manifestar interesse através do e-mail simposiovillalobos@gmail.com. Mais informações e a programação completa do evento estão disponíveis no site do 7º Simpósio Villa-Lobos.


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