Museu de Itu comemora os 145 anos da Convenção Republicana

Nos dias 17 e 18, eventos vão lembrar a histórica reunião em que foi fundado o Partido Republicano Paulista

 12/04/2018 - Publicado há 7 anos
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Galeria de Retratos dos Convencionais – Imagens: Reprodução / Caderno Pedagógico Galeria de Retratos dos Convencionais Republicanos de 1873

 

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Na próxima semana, o Museu Republicano Convenção de Itu – extensão do Museu Paulista da USP – vai comemorar os 145 anos da Convenção Republicana, como ficou chamada a histórica reunião realizada em 18 de abril de 1873, em Itu, em que foi fundado o Partido Republicano Paulista (PRP).

Para celebrar essa data, o museu programou dois eventos. No dia 17, haverá uma palestra sobre os participantes da Convenção e, no dia 18, um debate vai reunir professores e pesquisadores da área de história para debater a importância daquela reunião para o País (leia texto abaixo).

Fachada do Museu Republicano Convenção de Itu da USP, onde foi realizada a Convenção de Itu, em 1873 – Foto: Marcos santos / USP Imagens

Segundo o historiador Erik Fernando Tavernaro – que no dia 18 vai participar do debate no museu –, a Convenção de Itu, que teve como principal objetivo a criação de um partido republicano, sofreu influência direta do Manifesto Republicano, publicado em 3 de dezembro de 1870 na primeira edição do jornal A República, do Rio de Janeiro, um periódico criado por membros dissidentes do Partido Liberal.

“O Manifesto Republicano visava a aprofundar e disseminar a ideia de república no País. A questão é que seus autores não pregavam a revolução social e popular, justamente porque eles eram de setores da elite, não tinham interesse em convulsionar a sociedade”, explica Tavernaro. “Eram reformistas, não revolucionários, e, no caso dos republicanos paulistas, em grande parte, eram fazendeiros ligados à atividade cafeeira. Portanto, como era de se esperar, defendiam os seus próprios interesses.”

O Manifesto Republicano foi assinado por 58 homens. Dois deles participariam também da Convenção de Itu, que ocorreria três anos depois: Candido Barata Ribeiro, médico que se tornaria prefeito do Rio de Janeiro (1892-1893) e senador, e Eduardo de Oliveira Amaral, um negociante que morreria logo depois, com apenas 26 anos.

Com a publicação do Manifesto, o movimento republicano se fortaleceu, culminando na fundação do PRP em 18 de abril de 1873. Tavernaro destaca que, logo após a publicação do Manifesto e a criação do PRP, o movimento republicano ganhou ainda mais força, com o surgimento de outros partidos republicanos provinciais, como o Partido Republicano Rio-Grandense. Isso foi facilitado pelo fato de a base econômica do Brasil, que era a atividade cafeeira, e sua capital estarem localizadas no Sudeste brasileiro. Finalmente, em 15 de novembro de 1889, o Império era derrubado, dando lugar à República.

Dos 133 participantes da Convenção de Itu, alguns se destacaram na política nacional, como Prudente de Morais (1841-1902). Morais era proprietário de terras, advogado e deputado geral, equivalente ao atual cargo de deputado federal. Ainda durante o Império, ele foi a principal voz do PRP na Assembleia do Rio de Janeiro, tendo feito vários discursos contrários à monarquia. Com a proclamação da República, ele se tornaria o primeiro presidente civil do Brasil, governando de 1894 a 1898. Além dele, Campos Salles (1841-1913), segundo presidente civil do Brasil, também esteve presente na fundação do PRP, embora não tenha assinado a ata da Convenção.

Segundo Tavernaro, a Convenção de Itu deixou um grande legado para o País, pois, a partir dela, o voto deixou de ser censitário (baseado na renda) e passou a ser universal, excetuando-se as mulheres, militares de baixa patente e analfabetos. Isso permitiu a participação política de grupos sociais até então excluídos do processo eleitoral. Com a República, lembra o historiador, “houve a divisão dos Poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário, deixando de existir o Poder Moderador, a que os demais Poderes estavam submetidos e era exercido exclusivamente pelo imperador”.

Eventos celebram o fato histórico ocorrido em Itu

Os dois eventos programados pelo Museu Republicano Convenção de Itu para celebrar os 145 anos da Convenção de Itu vão lançar mais luzes sobre esse feito histórico. No dia 17, terça-feira, às 19 horas, haverá uma palestra sobre A Galeria de Retratos dos Convencionais Republicanos de 1873, a ser ministrada pela historiadora Anicleide Zequini, doutora pelo Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP. No dia 18, quarta-feira, também às 19 horas, um debate com professores e pesquisadores da área de história será mediado pela supervisora do museu, professora Maria Aparecida de Menezes Borrego. Os dois eventos têm entrada gratuita.

A palestra da historiadora Anicleide Zequini, no dia 17, vai trazer informações sobre a biografia dos homens que participaram daquela reunião. “Na década de 1930, o Museu Republicano começou a formar uma espécie de memorial da história republicana paulista. Com isso, o historiador Afonso de Taunay, na época diretor do Museu Paulista e do Museu Republicano, começou a se referir ao que ele chamava de Galeria dos Convencionais. E fez uma grande campanha em diversos jornais para conseguir as imagens daqueles que participaram da Convenção de Itu. Ele tentou conseguir as imagens dos 133 participantes. A partir delas, ele encomendou as telas a óleo, para diversos artistas da época, como Tarsila do Amaral, Henrique Távola e Oscar Pereira da Silva, que hoje estão no museu.”

 

Prudente de Morais, presidente do Brasil entre 1894 e 1898, um dos 133 participantes da Convenção de Itu – Foto: Governo do Brasil / Domínio público via Wikimedia Commons

No dia da palestra, Anicleide fará o lançamento da publicação on-line Caderno Pedagógico Galeria de Retratos dos Convencionais Republicanos de 1873, de sua autoria. Pela primeira vez, ela diz, o museu reúne todas as informações que possui dos republicanos. Mas ela destaca que essa publicação – financiada pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP – está ainda em construção, devido às lacunas que permeiam a biografia de alguns convencionais.

Já o outro evento comemorativo dos 145 anos da Convenção de Itu – o debate com professores e pesquisadores da área de história, no dia 18 – tem como objetivo tornar mais conhecido esse fato histórico ocorrido em Itu. Entre os participantes já confirmados estão professores do ensino médio e fundamental atuantes em Itu, formados em História por diferentes universidades do País.

Daqui a cinco anos, o Museu Republicano Convenção de Itu – inaugurado em 1923 – vai comemorar o seu centenário, ao mesmo tempo em que a Convenção completará 150 anos. O planejamento para essa data tão esperada já está sendo feito, segundo a educadora Aline Antunes Zanatta, que integra o Setor Educativo do museu: “A nossa supervisora, professora Maria Aparecida, tem apoiado atividades de escuta da comunidade, como essa roda de conversa, para que a gente faça um novo plano museológico. Todas essas ações vão fomentar o nosso novo plano museológico, estabelecendo uma nova relação com a comunidade, novos olhares e ampliando a relação com a sociedade”.

O Museu Republicano de Itu está localizado na Rua Barão de Itaim, 67 – Centro, Itu – SP. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 4023-0240, ramal 3, e pelo e-mail edu.mrci@usp.br.

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