Brasileiros descobrem planeta que orbita estrela similar ao Sol

Planeta está localizado a cerca de 1.200 anos-luz de distância do Sol, na direção da constelação de Monoceros

 11/09/2017 - Publicado há 7 anos
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Novo planeta descoberto por astrônomos brasileiros está situado na direção da constelação de Monoceros -Representação artística do novo planeta / Agência OPAH

Uma equipe composta de  cientistas brasileiros anunciou a descoberta de um novo planeta. O estudo, que teve a participação de professores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP revelou a existência de um planeta na direção da constelação de Monoceros, que orbita a estrela CoRoT ID 652345526, parecida com o Sol. O planeta está a 1.200 anos-luz de distância do Sol, o que equivale a cerca de 1,12 quatrilhões de quilômetros. A pesquisa é descrita em artigo publicado na revista britânica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

O planeta possui o tamanho aproximado de Saturno, mas com metade de sua massa. Saturno possui 116,4 mil quilômetros de diâmetro e massa 95 vezes maior do que a da Terra. A estrela tem massa 8% maior, raio 21% menor e temperatura 200 graus Celsius mais quente que o Sol. A técnica utilizada para encontrar o planeta é chamada de “trânsito planetário”. “Quando o planeta transita pelo disco da estrela, ele o encobre, como se fosse um pequeno eclipse”, conta o professor Eduardo Janot Pacheco, do IAG, que participou do grupo de pesquisa. “Essa imagem, captada por um satélite, é analisada para identificar o planeta e calcular o seu tamanho.”

Quando o planeta transita pelo disco da estrela, ele o encobre, como se fosse um pequeno eclipse. Essa imagem, captada por um satélite, é analisada para identificar o planeta e calcular o seu tamanho.”

Para fazer a medida, foram analisadas observações feitas pelo satélite CoRoT (COnvection ROtation and Planetary Transits), construído e operado pela Agência Espacial Francesa, por outros países europeus e pelo Brasil. A confirmação da existência do planeta foi realizada utilizando a técnica de espectroscopia com um dos melhores instrumentos para esse fim, chamado Harps (High Accuracy Radial Velocity Planet Searcher), pertencente ao ESO (European SOuthern Observatory e localizado em La Silla, Chile.

Densidade

As medidas feitas pelos astrônomos indicam que a densidade do planeta é menor do que a densidade da água. “Planetas gigantes, como Júpiter e Saturno, possuem um núcleo sólido pequeno, envolvido por uma espessa camada de gás, que é menos densa que a água”, aponta o professor. “Planetas rochosos, semelhantes à Terra, têm densidade maior que a da água, o que os torna mais propícios de terem vida.”

A órbita do planeta é muito próxima da estrela e a distância entre eles é de cerca de 3,5 milhões de quilômetros, o que o torna muito quente. “Não há no nosso sistema solar um planeta tão próximo do Sol. Mercúrio, por exemplo, está localizado a 57,9 milhões de quilômetros. Com base na distância da estrela, estima-se que o planeta descoberto tenha temperatura em torno de 1.100°C. Essa temperatura pode ser diferente, caso haja atmosfera no planeta”, explica Janot. “Como o período de rotação do planeta é próximo ao de translação, como é o caso da Lua com a Terra, apenas uma face é voltada para a estrela, com altas temperaturas. A outra, não exposta à estrela, é muito fria. A diferença de temperatura possivelmente causa ventos de milhares de quilômetros por hora entre as duas faces.”

A equipe de pesquisadores que realizou a descoberta é formada pelos pesquisadores Rodrigo C. Boufleur, do Observatório Nacional (ON), no Rio de Janeiro, Marcelo Emilio, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no Paraná, Eduardo Janot Pacheco, do IAG, Laerte Andrade, da UEPG, Sylvio Ferraz Mello, do IAG, José-Dias do Nascimento Júnior, da UFRN, e J. Ramiro de La Reza, do ON. O grupo assina o artigo A modified CoRoT detrend algorithm and the discovery of a new planetary companion, publicado em 28 de agosto pela revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. (https://doi.org/10.1093/mnras/stx2187). “Outros dois planetas do tamanho de Júpiter, que orbitam em torno de outras estrelas, foram também encontrados no mesmo trabalho e necessitam de mais observações, para deduzir sua órbita com segurança”, aponta o professor do IAG.

A descoberta de novos planetas é um dos campos mais promissores da astronomia. “Além do estudo de outros sistemas solares ajudarem a entender melhor como o nosso sistema solar funciona, as descobertas abrem novas perspectivas no campo da astrobiologia, pois os planetas rochosos, semelhantes à Terra, podem abrigar formas de vida”, destaca Janot. “A pesquisa aperfeiçoou o algoritmo utilizado anteriormente pelo CoRoT, ou seja, as equações matemáticas usadas para identificar os planetas, eliminando distorções nos dados enviados pelo satélite, o que levou à descoberta dos três planetas.”

Mais informações: e-mail eduardo.janot@iag.usp.br , com o professor Eduardo Janot Pacheco


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