Segundo a Organização Mundial da Alergia (WAO, na sigla em inglês), cerca de 30% a 40% da população mundial sofre com rinite alérgica, doença que, como a asma e a conjuntivite alérgica, são desencadeadas mais facilmente no inverno devido ao tempo seco. Para saber mais sobre suas causas e prevenção, o Jornal da USP no Ar conversou com Fábio Morato Castro, professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP que ministra a disciplina de Imunologia Clínica e Alergia do Departamento de Clínica Médica.
O sistema respiratório fica mais fragilizado quando é submetido ao contato constante com o ar seco. “Situações comuns no inverno, como mudanças bruscas de temperatura, tempo frio e seco e aumento da poluição são fatores que potencializam o desenvolvimento de doenças”, explica o especialista. Ele conta que o principal motivo é a baixa umidade do ar, que resseca as mucosas do organismo, primeira defesa contra vírus e bactérias, e, por isso, o indivíduo fica mais vulnerável: “Em relação a conjuntivites alérgicas, por exemplo, vários poluentes acabam ressecando nariz, boca e garganta, o que pode resultar numa inflamação e o desenvolvimento de problemas mais sérios”.
Segundo Castro, outro fator é o contato com ácaros: “No Brasil é comum que cobertores e casacos de frio fiquem guardados por muito tempo e, quando esfria, as pessoas apenas passam a usá-los. O problema é que os ácaros podem provocar alergias, e no período do inverno esses quadros podem se agravar, evoluindo de um processo inflamatório a uma infecção bacteriana”. Isso afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas, principalmente a de crianças, já que “a obstrução nasal pode atrapalhar o sono e, não conseguindo dormir, a capacidade de concentração cai, prejudicando seu rendimento escolar. A respiração oral pode causar mau hálito e inclusive interferir no desenvolvimento dentário, fazendo com que a criança tenha que usar aparelho mais tarde”, conta.
Caso esses sintomas sejam identificados, é necessário procurar uma avaliação médica para que se faça o diagnóstico correto. A partir disso, o melhor tratamento será indicado, mas o professor adianta que ele não se restringe apenas ao uso de medicamentos como antibióticos e corticoides.”Primeiro é necessário identificar e remover o motivo que desencadeia o processo alérgico, como poeira ou o contato com pelos de gatos e cachorros. Passamos cerca de 92% a 98% do nosso tempo em ambiente fechado, sendo que 60% é em casa e, principalmente, no nosso quarto. Por isso precisamos tomar essas medidas, além de buscar um tratamento que controle dos sintomas e até mesmo partir para a imunoterapia, mais conhecida como ‘vacina’, que atua na imunização da pessoa para melhorar a resistência contra os alérgenos”, orienta Castro. Também é indicado realizar o teste de alergênicos, tomar muita água em dias secos, fazer lavagens nasais com soro (desde que moderadamente) e tomar a vacina contra a gripe.
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