Guerra comercial entre EUA e China é boa para o Brasil

Especialista diz que exportações devem crescer, mas afirma a necessidade de importar insumos em vários setores

 26/11/2018 - Publicado há 6 anos

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A guerra comercial travada entre Estados Unidos e China tem melhorado as exportações brasileiras. A projeção é que as vendas dos produtos nacionais ao exterior encerrem 2018 com o melhor resultado em cinco anos. Em outubro, as exportações já somaram US$ 199 bilhões. Nesse ritmo, a expectativa de analistas é que fechem o ano acima dos US$ 230 bilhões, maior patamar desde 2013. O recorde nas vendas foi em 2011, de US$ 256 bilhões, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. As vendas brasileiras de soja para a China foram beneficiadas quando o país asiático impôs tarifas de 25% sobre o grão americano. Os EUA exportavam 40 milhões de toneladas aos chineses; o Brasil, cerca de 50 milhões. Até agosto, as exportações de soja brasileira subiram 20% ante 2017. Além da soja, o Brasil se beneficiou da alta do preço do petróleo. Entre especialistas, há dúvidas de quanto tempo esse período favorável às exportações vai durar.

O Jornal da USP No Ar conversou com o professor Celso Grisi, do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Grisi enxerga a boa fase de exportações do Brasil com a China. Contudo, há uma necessidade de o País importar insumos — principalmente dos Estados Unidos — no setor da tecnologia para ampliar o alcance da produtividade nacional. “A relação com os EUA não será somente para ampliar as exportações. Teremos grandes oportunidades para importar não só tecnologia, obviamente, mas máquinas e equipamentos que são muito avançados e contribuir para o aumento da produtividade da economia brasileira, sem sombra de dúvida.”

A relação do Brasil com os EUA será ainda mais fortificada, como já sinalizou a equipe econômica do novo governo. Sendo assim, o professor projeta um maior espaço para a participação brasileira no mercado norte-americano. Para ele, com o atual cenário de desaceleração de crescimento, tanto na Europa quanto na China — parceiros do Brasil —, não haverá um favorecimento para a economia nacional, além de outros fatores. Logo, as negociações com os americanos é o caminho a ser seguido. Nesse sentido, os blocos econômicos não seriam os alvos de negociações do governo brasileiro sob comando de Jair Bolsonaro, principalmente o Mercosul.

De maneira geral, o Brasil acaba sendo beneficiado pela medição de forças entre Donald Trump e a China. Na sua projeção, o especialista afirma: “Vamos exportar muito para a China. Ela passará a depender dos produtos agrícolas brasileiros. De outro lado, os Estados Unidos, estreitando seus interesses conosco, aumentarão as exportações de alguns produtos, principalmente da indústria intermediária”.

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