O governo interino de Michel Temer mal começou e já enfrenta seu primeiro grande desafio, a partir da revelação de diálogos comprometedores entre o então senador peemedebista Romero Jucá (agora licenciado do ministério do Planejamento) e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. A conversa entre os dois, revelada pelo jornal Folha de São Paulo, envolve a operação Lava Jato e uma série de desdobramentos do impeachment.
Para o cientista político José Álvaro Moisés, colunista da Rádio USP, o governo de Michel Temer está em um dilema que pode ser considerado sério. Ele observa que não faltaram advertências no sentido de que a nomeação de políticos denunciados ou investigados pela operação Lava Jato criariam impasses, possivelmente incorrigíveis, para o atual governo interino.
No entanto, para o colunista, nem tudo está perdido. Segundo ele, Temer pode aproveitar a oportunidade para esclarecer em definitivo a sua posição sobre a operação Lava Jato, sob risco de deixar espaço aberto para que os ataques – cada vez mais duros – dirigidos à legitimidade de seu governo aumentem.
Para Álvaro Moisés, a sociedade brasileira, após tantas experiências recentes, está mais preparada e tem o direito de saber, de modo inequívoco, a posição de Temer em relação ao combate à corrupção. Trocando em miúdos, trata-se de uma excelente oportunidade para o atual governo manobrar a situação a fim de mostrar, definitivamente, a que veio.
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