Alagamentos em Dubai não foram provocados por chuva artificial

O que houve, segundo Carlos Augusto Morales Rodriguez, foi falta de drenagem numa cidade que não está preparada para um grande volume de água

 Publicado: 25/04/2024
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A “semeadura de nuvens” existe desde a década de 1950 – Foto: Mateus Andre/Freepik
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A cidade de Dubai foi construída no meio do deserto, uma região de clima desértico e seco e de temperaturas quentes e escassez de chuva. Para amenizar essa escassez e a limitada oferta de água, o governo costuma utilizar a “semeadura de nuvens” ou “chuva artificial”. Trata-se de um voo em aeronaves oficiais que atravessam nuvens queimando substâncias especiais, que podem aumentar a precipitação de chuvas. O meteorologista Carlos Augusto Morales Rodriguez, do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paul0, chefe da estação meteorológica do IAG, explica que a semeadura ocorre apenas em nuvens com granizo. 

Carlos Augusto Morales Rodriguez – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Existem duas técnicas bem distintas para fazer a chuva artificial: em nuvens com temperatura quente e naquelas onde há certeza da formação de granizo. Muito utilizada em regiões secas, mas é fundamental que tenham nuvens nesses locais. Essa é a condição primordial para dar certo. 

Apesar de muitas pessoas ainda desconhecerem  o assunto, a “semeadura de nuvens”  existe desde a década de 1950 em Israel, África do Sul,  Estados Unidos,  China e outros países do Oriente Médio. Aqui, no Brasil, esse processo teve início em 1970 e foi utilizado por décadas na região Nordeste, porém, sem resultados positivos. Por serem nuvens quentes, não conseguiram  formar chuva de forma adequada e necessária para aquela região.  

O professor do IAG confirma que nenhum efeito de chuva artificial foi feito em Dubai. O estrago provocado pelos alagamentos ocorridos no país, ainda muito recentemente, foi em função da falta de drenagem, já que a cidade não é preparada para tanto volume de água. 

Esquema gráfico da semeadura de nuvens – Ilustração: Pearson Scott Foresman/Wikimedia Commons

 


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