Vivemos em uma sociedade predominantemente fértil, onde se calcula que somente 5% da população não deseja ter filhos. A cobrança social e a autocobrança frequentemente ocorrem. Assim, a partir do momento em que se descobre a infertilidade, o acompanhamento psicológico é muito importante como forma de evitar uma série de traumas. Essa é uma constatação de Mary Elly Negrão, psicóloga responsável pela avaliação e seguimento dos pacientes em tratamento de reprodução assistida no Ambulatório de Infertilidade e Aborto Habitual do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. Segundo ela, “alguns pacientes se sentem amparados e fortalecidos ao passar por algumas consultas com um psicólogo”. A busca pela fertilização assistida nem sempre é tão fácil, rápida ou com resultados positivos como se deseja.
A avaliação e o acompanhamento de um psicólogo podem ser solicitados por um outro profissional da área médica ou pela própria paciente. A doutora Mary Elly cita que entre as muitas decisões a serem tomadas, durante todo o processo de reprodução assistida, está “o que fazer com embriões congelados que sobraram ou, em caso de falecimento do cônjuge, como escolher e convidar a doadora temporária de útero, refletir sobre o uso de óvulos ou espermatozoides de doadores, seguir o tratamento em reprodução independente, adoção e como informar à criança sobre sua concepção e nascimento”.
Há casos em que é recomendado que a reprodução assistida seja adiada ou interrompida definitivamente, conforme indicações da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva. “O auxílio profissional se faz necessário em casos de psicopatologia severa, transtornos mentais preexistentes que o tratamento ou a gravidez possam agravar, discórdias conjugais graves, luto recente ou não resolvido e abuso de substâncias,” diz a psicóloga.
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