Luiz Roberto Serrano – Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Vale destacar duas dessas questões, neste momento em que as universidades estão em debate no Brasil e a produção industrial brasileira perde espaço no PIB.
A Deutsche Welle, agência de notícias internacional da Alemanha, divulgou nesta quarta-feira, 8 de maio, que as universidades e centros de pesquisas da Alemanha terão mais recursos a partir de 2021. Segundo a ministra alemã da Educação, Anja Karliczek, o governo federal e os estados investirão 160 bilhões de euros no ensino superior e na pesquisa científica entre 2021 e 2030. Em média, esse valor representará 2 bilhões de euros a mais por ano, na comparação com 2019, informa a Deutsche Welle. A decisão foi tomada depois de meses de debates entre o governo federal e os estados alemães para definir o plano de investimentos no ensino superior da próxima década. “Com isso estaremos garantindo a prosperidade de nosso país no longo prazo”, afirmou a ministra Karliczek.
Segundo a agência, os recursos serão aplicados da seguinte forma:
“41,5 bilhões de euros para a melhoria do ensino superior, em especial por meio de contratos de trabalho por prazo indeterminado para professores, e 120 bilhões de euros para centros de pesquisa não universitários, como o Instituto Max Planck e a Associação Fraunhofer.
Em 2021, o governo federal e os estados vão transferir 3,8 bilhões de euros às universidades e demais escolas de ensino superior, divididos em partes iguais (metade do governo, metade dos estados). Em 2024, o valor chegará a 4,1 bilhões.
A distribuição dos recursos leva em conta o número de calouros e o de egressos e principalmente se a maior parte dos estudantes conclui os seus cursos no prazo previsto.
As universidades ainda poderão pleitear recursos para projetos especiais – este orçamento, porém, é limitado a 150 milhões de euros.”
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A garantia de recursos para as atividades de ensino e pesquisa das universidades alemãs certamente visa a ser um dos pilares para a preservação da saúde da indústria alemã, braço importante da economia do país e em especial de suas exportações.
No começo de fevereiro passado, segundo relato de André Duchiade, enviado especial de O Globo à Alemanha, o ministro de Assuntos Econômicos e Energia da Alemanha, Peter Altmaier, publicou um documento em que propôs que o Estado alemão incentive a criação de uma série de superempresas de tecnologia apoiadas pelo Estado que sejam capazes de disputar internacionalmente com conglomerados americanos e chineses.
Diz ainda o relato: “Como podemos manter e sustentar nosso alto nível de prosperidade privada e pública sob as condições da globalização crescente, processos de inovação imensamente acelerados e políticas expansionistas e protecionistas de outros países?”, se pergunta o ministro no começo do documento, chamado Estratégia Nacional 2030: Orientações estratégicas para uma política industrial alemã e europeia. A sua resposta foi resumida em um tuíte do dia 5 de fevereiro, dia da publicação da proposta. “Precisamos de fortes campeãs europeias. A França e a Alemanha concordam.” A proposta tem gerado polêmica, especialmente com os defensores das teses de livre mercado no país.
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Quarta potência econômica mundial, com PIB de 3,4 trilhões de euros, 21,5% do europeu, a Alemanha investe pesadamente em suas universidades e centros de pesquisa para “garantir a prosperidade do país a longo prazo”, como diz a ministra Karliczek. O ministro Altmaier, por sua vez, propõe caminhos para preservar o espaço da indústria alemã na disputa global. O Brasil tem os mesmos desafios, multiplicados por um sem-número de vezes. Mas patina, sem conseguir encará-los de frente, às voltas com problemas financeiros insolúveis, enquanto perde tempo com questiúnculas inacreditáveis.