Teleodontologia mostra a importância de estudos na área da odontologia digital

Ana Estela Haddad explica a importância do mapeamento de estudos na área, que ainda é pouco pesquisada, e diz tratar-se de uma nova metodologia

 16/05/2024 - Publicado há 2 meses
Há um senso comum que duvida da necessidade de odontologia a distância – Foto: Freepik
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O Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme/Opas/OMS) começou a utilizar a metodologia Evidence Gap Map, da International Initiative for Impact Evaluation, evidenciando as lacunas das pesquisas em teleodontologia. Com um pioneirismo da teleodontologia no Brasil, o grupo que realizou o mapa já foi responsável por uma série de projetos de implementação da odontologia digital em todo o País, muito importantes principalmente após o período pandêmico, com o acúmulo de suspensão do atendimento presencial.

Ao seu lado, outro pioneiro da questão no País foi a Faculdade de Odontologia (FO) da Universidade de São Paulo, que começou a pensar sobre saúde digital na mesma época em que o próprio Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), iniciou os trabalhos de telessaúde, ainda nos anos 2000. Nesse aspecto, Ana Estela Haddad, professora da FO-USP, explica sobre a importância dos estudos de teleodontologia.

De acordo com a docente, há um senso comum que duvida da necessidade de odontologia a distância, já que a relacionam com os procedimentos que devem ser feitos. “Mas as questões de promoção, prevenção da saúde, diagnóstico e monitoramento entre consultas presenciais são perfeitamente possíveis de serem feitas por teleodontologia, em alguns casos, com vantagens”, acrescenta.

Ana Estela Haddad

Ana Estela afirma que, durante a pandemia, a necessidade de combinar o atendimento presencial com o atendimento on-line foi essencial, ampliando o uso da telessaúde como um todo. Com o estabelecimento de protocolos para determinar sobre as possibilidades de atuação em atendimentos on-line, ela comenta: “Com o avanço das novas tecnologias digitais emergentes, tanto IoT (internet das coisas), como dispositivos vestíveis, com equipamentos portáteis de telediagnóstico, as possibilidades do telediagnóstico tem-se ampliado muito em relação a quando nós começamos com a telessaúde e teleodontologia”.

Mapa de evidências

A professora explica que o mapa é, na verdade, uma nova metodologia, aplicada pela Bireme, que trabalha com um grupo de revisões sistemáticas já publicadas, evidenciando as lacunas das pesquisas de teleodontologia. “Isso é muito bom porque orienta futuros estudos para fazerem as perguntas de pesquisa, ou que ainda não foram respondidos, que estão nessas lacunas, ou as que estão respondidas com baixo grau de evidência, já que o mapa também classifica a qualidade metodológica das revisões sistemáticas”, afirma.

Ainda sobre a avaliação de pesquisas já existentes no assunto, Ana Estela adiciona que, no estudo, foram analisadas 68 revisões sistemáticas em teleodontologia, das quais apenas 19 foram classificadas no mais alto grau de confiabilidade, indicando que ainda existem muitas lacunas a serem pesquisadas. “No contexto atual, em que a produção científica é avassaladora, o mapa ajuda nesse processo de sistematização da produção”, completa.

Com alguns achados interessantes do estudo, a professora cita que os temas mais estudados e pesquisados foram sobre a capacitação profissional, a gestão de serviços de saúde e os desfechos voltados para os pacientes, com teleconsultas e telediagnósticos. “Como nós temos poucos estudos com alto grau de confiabilidade, todas as principais áreas pesquisadas dentro da teleodontologia ainda são um espaço para o avanço na produção. São aspectos em que cabem novas pesquisas e estudos para o avanço no conhecimento científico”, finaliza.


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