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Na coluna desta semana, o professor Renato Janine comenta sobre a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Curitiba, entidade da qual é presidente, depois de dois anos com reunião virtual e a última híbrida. “A reunião em Curitiba este ano foi um sucesso”, assegura, embora reconheça que “o virtual chegou para ficar e não vai deixar de existir”. No entanto, diz que a reunião presencial desta SBPC foi uma verdadeira festa da ciência.

A SBPC é uma entidade que, embora tenha poucos funcionários, produz uma revista e organiza eventos com atuação constante na defesa da ciência, mas que tem seu ponto alto na reunião anual, especialmente esta última, em Curitiba. Janine avalia que “o Estado do Paraná simbolizou, por alguma razão, um retrocesso no Brasil, devido à manipulação política,  ao conluio absolutamente ilegal entre Promotoria e Justiça para fazer perseguição política nos últimos anos. Mas o Paraná é um Estado extremamente pujante, com uma rede de universidades estaduais admirável junto com São Paulo, Rio de Janeiro”, além de ter uma comunidade acadêmica forte. O professor acrescenta, ainda, que a cidade de Curitiba representa  uma revolução no urbanismo brasileiro porque é uma cidade extremamente bem cuidada.  “Tudo isso nos levou a uma reunião que colocou muitas questões de quais são os projetos para o Brasil, essa ideia de que nós temos agora que reconstruir a ciência, a educação, a saúde, o meio ambiente, enfim tudo dessa direção.”

Janine também destaca que a reunião deste ano contou com a presença de três  ministros: Saúde, com Nísia Trindade, Educação, com Camilo Santana, e a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, que é a pasta mais próxima da SBPC. Mas, o que mais o emocionou foi a participação das crianças. “Eu vi um menino de 10 anos fazendo uma experiência com tiririca [planta invasora chamada, cientificamente, de Cyperus rotundus]. Ele fez a infusão de tiririca na água fria por 48 horas e depois regou sementes de algumas plantas. No caso do rabanete foi um êxito, porque o rabanete ficou muito forte, muito bom. Um menino de 10 anos expondo essa experiência é uma coisa que emociona. E como a gente estava comemorando 75 anos, e a expectativa de vida cresceu muito, eu pensei: esse garoto, quem sabe, não estará no meu lugar daqui a 75 anos (…) presidindo a SBPC” , reflete o professor.

O professor destaca que “a ciência é uma coisa extremamente humana, ciência humaniza, a ciência permite que as pessoas desenvolvam o máximo possível os seus valores, as suas capacidades e tudo mais. Então, com tudo isso, a ciência só pode se nutrir da experiência humana e só pode alimentar a experiência humana. Ciência não é só uma coisa técnica, ciência é humanização das pessoas  […] e só temos a ganhar com esse círculo virtuoso de ciência, educação, saúde, meio ambiente, cultura, e inclusão social”.