Após o estudo clínico Resilient comprovar benefício da trombectomia mecânica como tratamento de Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico, o Ministério da Saúde (MS) incorporou o procedimento no Sistema Único de Saúde (SUS). A Portaria SCTIE/MS nº 5 foi publicada no Diário Oficial da União nesta semana.
“Constatamos que o tratamento realizado dentro de 8 horas após o início dos sintomas de AVC em conjunto com o tratamento padrão resultou em melhores resultados funcionais em 90 dias do que o tratamento padrão sozinho”, afirma professor Octávio Marques Pontes Neto, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, que é coautor do estudo.
Segundo o professor Daniel Giansante Abud, da FMRP, um dos autores de estudo e coordenador do Setor de Neurorradiologia Intervencionista do Hospital das Clínicas da FMRP, “os resultados apontam um aumento de 21% para 35% de independência dos pacientes após o tratamento. Além disso, houve uma redução de 16% da mortalidade ou da dependência grave ao comparar a trombectomia mecânica com o tratamento padrão.”
Outro destaque é a segurança do tratamento no SUS. “Foi possível perceber o excelente desempenho dos hospitais, que apresentaram condições de realizar o tratamento de maneira adequada. Afinal, o tempo médio entre a chegada do paciente na porta do hospital e o início do tratamento foi de 30 minutos”, conta o professor Pontes Neto.
Além disso, o professor Abud destaca que os resultados positivos do estudo e a aprovação do procedimento no SUS vão permitir uma organização gradual da estrutura de assistência hospitalar para que esse tratamento possa ser disponibilizado para toda a população brasileira. Esse complexo processo de estruturação vai se tornar finalmente possível após essas conquistas.
O estudo, encomendado pelo MS, foi conduzido por pesquisadores brasileiros em 12 hospitais da Rede Nacional de Pesquisa em AVC, que é coordenada pelo professor Pontes Neto. Além disso, contou com a neurologista Sheila Martins, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e com o neurointervencionista Raul Nogueira, da Emory University dos EUA, como pesquisadores principais.
O trabalho foi publicado pela New England Journal of Medicine, que é a principal revista científica médica do mundo, e apresentado no Congresso Europeu de AVC, na Itália, em 2019.
Rede Nacional de Pesquisa em AVC
A Rede Nacional de Pesquisa do AVC reúne instituições científicas, tecnológicas e de saúde brasileiras para aprimorar a gestão, o tratamento e a inovação do AVC no Brasil. O centro coordenador é o HCFMRP e conta com 16 instituições nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal.
Mais informações: opontesneto@fmrp.usp.br ou dgabud@gmail.com