Trombectomia mecânica é incorporada ao SUS após resultados de estudo brasileiro

Estudo sobre o tratamento foi conduzido por pesquisadores brasileiros em 12 hospitais da Rede Nacional de Pesquisa em AVC, coordenada pelo professor Octávio Marques Pontes Neto, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

 26/02/2021 - Publicado há 3 anos
Por

Pontes Neto e Abud

Após o estudo clínico Resilient comprovar benefício da trombectomia mecânica como tratamento de Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico, o Ministério da Saúde (MS) incorporou o procedimento no Sistema Único de Saúde (SUS). A Portaria SCTIE/MS nº 5 foi publicada no Diário Oficial da União nesta semana.

“Constatamos que o tratamento realizado dentro de 8 horas após o início dos sintomas de AVC em conjunto com o tratamento padrão resultou em melhores resultados funcionais em 90 dias do que o tratamento padrão sozinho”, afirma professor Octávio Marques Pontes Neto, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, que é coautor do estudo.

Segundo o professor Daniel Giansante Abud, da FMRP, um dos autores de estudo e coordenador do Setor de Neurorradiologia Intervencionista do Hospital das Clínicas da FMRP, “os resultados apontam um aumento de 21% para 35% de independência dos pacientes após o tratamento. Além disso, houve uma redução de 16% da mortalidade ou da dependência grave ao comparar a trombectomia mecânica com o tratamento padrão.”

Outro destaque é a segurança do tratamento no SUS. “Foi possível perceber o excelente desempenho dos hospitais, que apresentaram condições de realizar o tratamento de maneira adequada. Afinal, o tempo médio entre a chegada do paciente na porta do hospital e o início do tratamento foi de 30 minutos”, conta o professor Pontes Neto.

Além disso, o professor Abud destaca que os resultados positivos do estudo e a aprovação do procedimento no SUS vão permitir uma organização gradual da estrutura de assistência hospitalar para que esse tratamento possa ser disponibilizado para toda a população brasileira. Esse complexo processo de estruturação vai se tornar finalmente possível após essas conquistas.

O estudo, encomendado pelo MS, foi conduzido por pesquisadores brasileiros em 12 hospitais da Rede Nacional de Pesquisa em AVC, que é coordenada pelo professor Pontes Neto. Além disso, contou com a neurologista Sheila Martins, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e com o neurointervencionista Raul Nogueira, da Emory University dos EUA, como pesquisadores principais.

O trabalho foi publicado pela New England Journal of Medicine, que é a principal revista científica médica do mundo, e apresentado no Congresso Europeu de AVC, na Itália, em 2019.

Rede Nacional de Pesquisa em AVC

A Rede Nacional de Pesquisa do AVC reúne instituições científicas, tecnológicas e de saúde brasileiras para aprimorar a gestão, o tratamento e a inovação do AVC no Brasil. O centro coordenador é o HCFMRP e conta com 16 instituições nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal.

Mais informações: opontesneto@fmrp.usp.br ou dgabud@gmail.com


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