A farmacêutica Gabriela Justamante Händel Schmitz é autora de um estudo de doutorado, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, que buscou identificar novos alérgenos alimentares (proteínas/antígenos responsáveis por desencadear reações alérgicas) de mamão, manga, abacaxi e mandioca. O objetivo foi melhorar o diagnóstico de alergias causadas pelo consumo desses alimentos. “Hoje em dia há uma escassez de alérgenos já descritos para esses alimentos”, disse Gabriela em entrevista aos Novos Cientistas.
A alergia a esses alimentos pode causar sintomas como urticária, vermelhidão na pele, inchaço, coceira, edemas em volta dos olhos, náuseas, queda da pressão arterial e até anafilaxia, o que pode levar à morte. “Mas isso não significa que não podemos consumir tais alimentos. As frutas são extremamente saudáveis, apesar de terem aumentado os casos de alergias”, ressaltou a pesquisadora.
A busca pelos potenciais alérgenos de mamão, manga, abacaxi e mandioca facilitará a identificação das proteínas contidas nesses alimentos que são responsáveis por causarem as alergias. Os estudos de Gabriela geraram um pedido de patente junto à Agência USP de Inovação (Auspin), que ainda está em processo. “Foram descobertos 19 potenciais alérgenos que poderão facilitar os diagnósticos”, contou a pesquisadora.
Em seus estudos, Gabriela identificou ainda a “síndrome látex-fruta” que acontece porque algumas frutas, como mamão, figo, banana, abacate, kiwi e melão, têm em sua composição proteínas semelhantes àquelas presentes no látex da Hevea brasiliensis – a famosa seringueira. “A quimopapaína, por exemplo, encontrada no látex do mamão, pode provocar essa síndrome. A esse fenômeno chamamos reatividade cruzada. Tem gente que é alérgica à borracha [látex] e que também tem ou pode desenvolver alergia ao mamão, ao figo, à banana”, explicou a pesquisadora.