Na Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul, a bola Jabulani foi duramente criticada pelos jogadores, o que levantou dúvidas sobre a tecnologia empregada para seu desenvolvimento. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) realizou ensaio de quatro bolas, incluindo o modelo oficial da Copa da Rússia, a Telstar 18, e as bolas dos campeonatos Brasileiro, Paulista e Carioca. Os testes foram realizados no Laboratório de Tecnologia Têxtil e no Túnel de Vento.
O pesquisador do Túnel de Vento, Gilder Nader, comenta que quando foram realizados os testes com a Jabulani, foi constatada a atipicidade da bola, fazendo com que a força do vento tivesse influência na faixa de 80 km/h, no momento do chute do jogador, enquanto em outras bolas essa mudança ocorre aos 50 km/h. Esse também é um dos testes realizados que analisa o impacto do vento. A resistência precisa ser menor para que a bola ganhe uma velocidade maior.
Segundo Nader, com os avanços tecnológicos, a indústria tem procurado desenvolver bolas cada vez mais rápidas. “A Cafuza, da Copa das Confederações, a Brazuca da Copa do Mundo no Brasil, e agora a Telstar 18 são bolas muito precisas, que os jogadores gostam muito.”
Outro aspecto que influencia no desempenho é a área têxtil. Gabriele Paula de Oliveira, do Laboratório de Tecnologia Têxtil do IPT, conta que o formato de construção das bolas passou a ser através de soldagem, e não mais por costura, o que diminui a absorção de água e facilita em dias de chuva. “As análises no laboratório visam à melhoria do material da bola para facilitar o desempenho dos jogadores e, consequentemente, ficando mais bonito para o espectador.”
A Telstar, segundo Gabriele, é a bola mais leve dentro dos parâmetros estabelecidos pela Fifa, e a com menor absorção de água. Em relação ao vento, a bola é quase perfeita e trouxe alguns aperfeiçoamentos em relação à Brazuca do ponto de vista da resistência ao vento não variar entre 50 km/h e velocidades maiores.
Sobre as bolas dos campeonatos nacionais, a bola da Copa é superior, mas em termos de aerodinâmica, a do Campeonato Brasileiro também tem um bom comportamento. As dos campeonatos Paulista e Carioca, entretanto, têm comportamentos que remetem à Jabulani em relação a mudança do coeficiente de arrasto, que acontece por volta dos 70 km/h e trazem instabilidade no controle por parte do jogador.
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