Mudanças vividas por caminhoneiros têm impacto negativo na classe

Para professor, transformações têm reflexo no movimento grevista, um misto de “lockout” com greve trabalhista

 30/05/2018 - Publicado há 6 anos

jorusp

Até a década de 80 e começo de 90, existia uma grande parcela da classe de caminhoneiros que era conhecida como autônomos. Nesse momento, a situação desses trabalhadores era mais confortável, como afirma o professor Daniel Huertas, doutor em Geografia Humana pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Era comum que os embarcadores ー os donos das cargas ー que precisavam de transporte procurassem pelos caminhoneiros ー por vezes até ligavam em suas residências. Huertas conta que, desde a década de 90, como reflexo da globalização e de fenômenos vivenciados pelos atores hegemônicos, o cenário é diferente, os caminhoneiros são forçados a procurar pelas cargas ao invés de serem procurados, situação que era melhor para a classe.

Huertas explica que o movimento grevista dos caminhoneiros é reflexo dessas alterações nas relações de trabalho, que são desfavoráveis para a classe. Ele alerta, no entanto, para o fato de que muitas das demandas dos grevistas são benéficas, também, aos empresários, e, por isso, defende que o movimento constitui um misto de greve com lockout, prática em que os empregadores negam trabalho até que as condições propostas sejam aceitas, como que em uma greve às avessas.

Por fim, Huertas conta que, em sua perspectiva, a questão dos caminhoneiros não se encerra mesmo com o fim da greve, e que enxerga um cenário nebuloso pela frente.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.


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