Jornalistas discutem na USP o papel da imprensa nas Diretas Já!

Encontro acontece nesta sexta-feira, dia 26, às 9 horas, com a presença de Ricardo Kotscho, Fernando Mitre e Oscar Pilagallo

 Publicado: 24/04/2024
Comício da campanha Diretas Já! no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, no dia 16 de abril de 1984 – Foto: Governo do Estado de São Paulo/Agência Brasil

 

Ricardo Kotscho – Foto: Cleones Ribeiro/TV Cultura

O Papel da Imprensa nas Diretas Já! é o título do evento que será realizado nesta sexta-feira, dia 26, às 9 horas, na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, com a presença de três jornalistas que participaram ativamente da campanha que, em 1984, reivindicou a volta das eleições diretas para a Presidência da República – canceladas desde o golpe militar de 1964. Esses jornalistas são Ricardo Kotscho, Fernando Mitre e Oscar Pilagallo. Promovido pelo Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA, o evento é grátis, sem necessidade de inscrição. O debate terá a mediação do professor Eugênio Bucci, da ECA.

Hoje colunista dos sites UOL e My News, Ricardo Kotscho era repórter do jornal Folha de S. Paulo na época das Diretas Já!. Foi o jornalista que mais acompanhou comícios em prol das eleições – foram 32 no total –, a ponto de ser chamado pelo então deputado federal Ulysses Guimarães – um dos líderes da campanha – de “o cronista das diretas”.

Fernando Mitre – Foto: Karla Boughoff/Flickr

Fernando Mitre foi editor-chefe do Jornal da Tarde, que publicou capas históricas na época das Diretas Já!, como a que mostrou o Vale do Anhangabaú, em São Paulo, tomado por pessoas pedindo eleições, no célebre comício realizado em 16 de abril de 1984. Atualmente Mitre é diretor de jornalismo da Rede Bandeirantes de TV, que foi a primeira emissora a transmitir um comício das Diretas Já ao vivo – o comício realizado na Praça da Sé, em São Paulo, em 25 de janeiro de 1984, com a presença de 300 mil pessoas.

Já Oscar Pilagallo é autor do livro O Girassol que Nos Tinge: Uma História das Diretas Já, o Maior Movimento Popular do Brasil (Fósforo Editora, 2023, 448 páginas). O livro traz um painel histórico que vai das origens do movimento Diretas Já! até a derrocada do regime militar.

Oscar Pilagallo – Foto: Linkedin

No dia 25 de abril de 1984, a Emenda Constitucional nº 5, de 2 de março de 1983, de autoria do então deputado Dante de Oliveira – que devolveria aos brasileiros o direito de votar para presidente –, foi derrubada na Câmara dos Deputados, o que marcou o encerramento da campanha das Diretas Já!, iniciada mais de um ano antes.

O placar da votação na Câmara registrou 298 votos a favor da emenda, 65 contra, 113 ausências e 3 abstenções. Por ser uma emenda constitucional, seria necessária a aprovação de dois terços da casa, ou seja, 320 votos. A estratégia usada pelos políticos contrários à emenda foi não comparecer à votação, para não se exporem à opinião pública. Com isso, a volta de um presidente civil após o golpe militar de 1964, em 1985 – quando foi eleito o mineiro Tancredo Neves –, ocorreu em eleição indireta. A votação direta para presidente só viria a acontecer em 1989, quando Fernando Collor de Mello foi eleito. Mesmo com a derrota da emenda, a campanha Diretas Já! é considerada o maior movimento político popular do País, tendo consagrado o amarelo como cor oficial da democracia.

O evento O Papel da Imprensa nas Diretas Já acontece nesta sexta-feira, dia 26, às 9 horas, na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Avenida Professor Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis. Não é necessário fazer inscrição.


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