USP promove seminário com cientista que é referência mundial em fisiologia renal

Donald Wesson se notabilizou com pesquisas básicas e clínicas e trabalhos de extensão sobre o “acid stress”, condição em que a acidez excessiva reduz a concentração de bicarbonato do sangue e pode contribuir para a progressão da doença renal crônica

 05/09/2023 - Publicado há 8 meses
Donald E. Wesson, referência mundial na área de Nefrologia – Foto: Divulgação/American Society of Nephrology

.
Felipe Parlato*

O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP receberá de forma virtual, no dia 14 de setembro, às 13 horas, Donald E. Wesson, médico nefrologista reconhecido internacionalmente por estudar os mecanismos renais envolvidos na defesa do pH do organismo contra a carga ácida diária imposta pela dieta.

Na apresentação, que será realizada às 13 horas via Zoom neste link, o pesquisador abordará suas pesquisas envolvendo acid stress, condição em que a acidez excessiva reduz a concentração de bicarbonato do sangue e pode contribuir para a progressão da doença renal crônica (DRC), e como contextos socioeconômicos dos indivíduos podem estar relacionados com esse risco.

Durante o acid stress, ocorre um acúmulo progressivo de ácido — decorrente de uma dieta rica em carboidratos, lipídios e proteínas e pobre em frutas e vegetais — e do metabolismo desses nutrientes. Esse acúmulo pode levar a acidose metabólica crônica — quando há uma diminuição da concentração de bicarbonato no plasma sanguíneo e, consequentemente, desequilíbrio do balanço ácido-base do organismo — e tem efeitos danosos sobre os rins e outros órgãos.

Wesson demonstrou que, mesmo quando o acúmulo de ácido não é suficiente para se manifestar como acidose metabólica, ainda assim pode levar à lesão renal e à progressão da DRC. Demonstrou também que a ativação de mecanismos para amenizar o acid stress contribui para a lesão renal.

Além disso, o pesquisador falará sobre seus programas comunitários realizados no Estado do Texas, nos Estados Unidos. “O pesquisador traduziu suas observações científicas obtidas em modelos de camundongos, em programas que visam a melhorar o funcionamento dos rins de indivíduos com doença renal que vivem em áreas carentes. Esse programa se baseia na intervenção educativa na dieta, priorizando frutas e vegetais, e tem sido muito bem-sucedido”, diz Raif Musa Aziz, professora do Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB e coorganizadora do evento.

“Com isso, o pesquisador trouxe melhorias em todo o sistema de saúde a comunidades carentes da região, reduzindo a procura por serviços de emergência e hospitalização. Ajudou também a criar uma clínica de atenção primária dentro de um centro recreativo do Estado do Texas, uma integração bem-sucedida entre estratégias de saúde pública e intervenção sobre determinantes sociais prejudiciais à saúde”, destaca Raif.

No evento, o médico também chamará atenção para os riscos de certas dietas para a lesão renal e doenças cardiovasculares, e trará as recomendações de saúde pública para dietas menos ácidas.

A DRC é uma doença silenciosa em que os rins gradualmente vão perdendo a sua função, o que dificulta seu diagnóstico precoce (de suma importância para o sucesso do tratamento). “Quando o quadro é diagnosticado, muitas vezes o paciente está em falência renal, o que traz como únicas alternativas terapêuticas a hemodiálise e o transplante renal”, diz Carla Roberta de Oliveira Carvalho, professora do Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB, presidente da Comissão de Cultura e Extensão do instituto e coorganizadora do evento.

A incidência e a prevalência da doença estão aumentando em todo o mundo, e o prognóstico ainda é limitado e os custos do tratamento são altos. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) de 2019, cerca de 850 milhões de pessoas sofrem de DRC no mundo e 2,4 milhões morrem anualmente. No Brasil, estima-se que existam mais de 2 milhões de portadores de algum grau de disfunção renal e, dentre eles, mais de 140 mil pessoas realizam diálise, que é a principal forma de tratamento.

Donald E. Wesson é presidente da Baylor Scott & White Health and Wellness Center at Juanita J. Craft Recreation Center e vice-presidente sênior da Baylor Scott & White Weight Management. Foi professor de medicina interna de Fisiologia e vice-diretor da Texas A&M University College of Medicine, além de professor de Nefrologia no Houston VA Hospital.

O evento é direcionado a alunos de graduação, pós-graduação, pesquisadores em nível de pós-doutorado e docentes da área de ciências biomédicas, sendo aberto a todos os públicos interessados, de dentro e fora da USP. “Acredito que a carreira do dr. Wesson na pesquisa experimental, formação de estudantes, prática clínica e política de saúde pública certamente será um exemplo e estímulo para toda comunidade”, afirma Raif.

Para participar não é necessário se inscrever, basta acessar a palestra no 14 de setembro, às 13 horas, neste link.. A Comissão de Cultura e Extensão poderá emitir certificados de participação, caso solicitada pelo e-mail raifaziz@icb.usp.br.

.

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Ciências Biomédicas da USP


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.