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O público tem agora disponível uma plataforma que simplifica o acesso à produção intelectual dos pesquisadores da USP. No momento em que este texto era escrito, a Biblioteca Digital da Produção Intelectual (BDPI) da USP reunia quase 925 mil registros, incluindo a produção científica, acadêmica, artística e técnica de pesquisadores, mais as teses e dissertações defendidas desde 1985 na maior universidade da América Latina. E, diariamente, esses números são atualizados, à medida que os bibliotecários cadastram novos documentos.
Idealizada para funcionar como um buscador sofisticado, mas ao mesmo tempo fácil de personalizar para o usuário de acordo com seus interesses, a ferramenta proporciona, a partir de uma única interface, a descoberta, recuperação e rastreabilidade da produção de pesquisadores, departamentos e unidades da Universidade.
Além do acesso à íntegra de documentos que estão disponíveis para acesso aberto na internet, a BDPI indica o caminho para o material mais antigo, que ainda não foi digitalizado. Os registros remontam ao ano em que se tornou obrigatório aos pesquisadores da USP o depósito de sua produção nas bibliotecas da Universidade. Mas é possível resgatar até mesmo alguns itens mais antigos que 1985, de períodos anteriores à criação da própria USP – por exemplo, teses e dissertações defendidas na então Faculdade de Direito e na Escola Politécnica em 1912 e 1914, que estão nas respectivas bibliotecas (essas unidades já existiam antes da fundação da USP, sendo depois a ela incorporadas).
Assim, mais que um mapa de todo esse conteúdo, “a BDPI é uma ação que valoriza a memória institucional da Universidade”, diz Tiago Murakami, chefe da Divisão de Gestão de Tratamento da Informação do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP.
Está tudo lá?
Em relação ao conteúdo, todos os registros apresentam link para o texto completo, desde que o mesmo esteja disponível e acessível na Universidade. “No cerne da iniciativa está a ideia de promover o acesso aberto aos documentos na íntegra, democratizando esse acesso e estimulando o compartilhamento do conhecimento gerado”, afirmam Murakami e Elisabeth Dudziak, chefe da Divisão de Gestão de Desenvolvimento e Inovação do SIBi. Por isso, explicam eles, a associação de documentos aos registros existentes está sendo feita gradualmente, sempre em colaboração com os autores USP e as bibliotecas do sistema, resgatando e integrando dados e conteúdos que hoje estão disponíveis em uma plataforma mais antiga. “A unificação dos dois sistemas será realizada pouco a pouco”, ressaltam.
Algo que não será encontrado nesta Biblioteca Digital é a produção de alunos que não se trate de teses de doutorado e dissertações de mestrado. Essa limitação está relacionada, entre outras coisas, a direitos autorais, já que o vínculo do aluno com a Universidade é transitório. De qualquer forma, como uma grande parte da produção científica e acadêmica de alunos – a exemplo de artigos em periódicos – é feita em coautoria com docentes, também podemos esperar encontrar uma boa parte desse material na base. Da mesma maneira, não entram para o registro as produções de docentes que tiverem data anterior ao seu ingresso formal ou posterior à sua saída da USP.
Diferentes usos
A BDPI pode ser utilizada para descoberta de artigos, trabalhos de evento, livros e capítulos de livro, teses e dissertações por assunto, autor e por unidade, expressando competências e especialidades dos pesquisadores da USP.
Mas também é fonte de indicadores e métricas associadas às produções registradas, apresentando os totais por tipo de material, autor, ano de publicação, idioma, título da fonte, editora, idioma, agência de fomento, indexação em bases de dados, entre outras opções de recuperação de dados, apresentados em gráficos.
Permite ainda a geração de relatórios que podem ser visualizados na própria interface ou podem ser exportados. Tudo isso a torna uma ferramenta estratégica para o planejamento de unidades, departamentos e da USP como um todo, naquilo que é um dos pilares da sua existência: a pesquisa científica.
Além disso, os registros são enriquecidos com aplicativos que integram dados de outras bases para periódicos, incluindo informações sobre citações, tudo atualizado em tempo real. Isso quer dizer que se o paper de um pesquisador da USP for citado em algum periódico um pouco antes que alguém faça uma pesquisa por esse paper na Biblioteca Digital, os aplicativos que buscam essas citações as encontrarão e já as exibirão junto ao registro.
Painel de indicadores: Dashboard
O Dashboard permite visualizar de maneira simples informações pré-configuradas, podendo ser personalizado pelo usuário, com aplicação de filtros. O pesquisador poderá ter informações agregadas sobre sua unidade, departamento ou sobre um pesquisador, permitindo ter uma visão global do conjunto. Acesso pelo endereço http://bdpi.usp.br/dashboard.php.
Aspectos técnicos
A BDPI foi desenvolvida dentro da Universidade, por sua equipe, e customizada de acordo com as características da USP, com forte inspiração na Vufind, ferramenta aberta de busca para bibliotecas. Feita a partir de um software livre, a BDPI é totalmente compatível com o Google: para os nomes dos campos, foi utilizado um formato de metadados estruturados que este buscador utiliza, facilitando a indexação e recuperação por quem procura o conteúdo no google.com.
A plataforma reúne informações a partir dos registros cadastrados no Dedalus (Banco de Dados Bibliográficos da USP) e na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, e enriquece esses registros coletando informações de outras fontes, desde o Currículo Lattes até bases internacionais como Web of Science, Scopus e Dimensions. A coleta é feita via aplicativos do tipo Application Programming Interface (APIs).
“Esforço conjunto de autores USP, das equipes das bibliotecas e do Departamento Técnico do SIBi”, como ressaltam Murakami e Elisabeth Dudziak, “a iniciativa revigora o objetivo de preservar a produção intelectual da Universidade e promover o efetivo acesso aberto”.
Conheça mais detalhes da plataforma no texto Plataforma BDPI revela indicadores e a produção de pesquisadores da USP, publicado no site do Sibi.
Luiza Caires, com informações de Tiago Murakami e Elisabeth Dudziak / Sibi